Um passeio na região de Dartmoor, Inglaterra, em algum momento ao final
de 1961, inspirou Plath a escrever este desconcertante poema, no qual a
paisagem não é descrita em seus traços característicos, mas com nítidos acentos
metafóricos, a dificultar a sua correta interpretação.
A poetisa por certo dirige-se à sua filha, Frieda, ainda pequena, que esfuziante
estava por ali se encontrar, ante as novidades da natureza, o cenário
encantador e o brilho refulgente do sol sobre a neve.
Plath, de todo modo, converge para um ponto de vista sobranceiramente
adulto, como se quisesse alertar a criança sobre a superficialidade de um olhar
imediato sobre as coisas, pois o Ano Novo, certamente, haverá de transcorrer
sob os corriqueiros desafios e dificuldades para todos.
J.A.R. – H.C.
Sylvia Plath
(1932-1963)
New Year on
Dartmoor
This is newness: every little tawdry
Obstacle glass-wrapped and peculiar,
Glinting and clinking in a saint’s falsetto. Only
you
Don’t know what to make of the sudden slippiness,
The blind, white, awful, inaccessible slant.
There’s no getting up it by the words you know.
No getting up by elephant or wheel or shoe.
We have only come to look. You are too new
To want the world in a glass hat.
(1962)
Cabana no Inverno em Dartmoor
(Peter Dolbear:
pintor inglês)
Ano Novo em
Dartmoor
Esta é a novidade: cada
pequeno, trivial
E peculiar obstáculo envolto
em cristal,
Cintilando e tinindo
em falsete de santo. Só tu
Não sabes o que fazer
desse resvaladiço imprevisto,
O cego, alvo, assustador,
inacessível declive.
Não há como apreendê-lo
por meio das palavras que conheces.
Não há como superá-lo
nem sobre elefante, rodas ou sapatos.
Nós viemos tão apenas
para olhar. Tu és muito nova
Para ambicionar o
mundo num chapéu de cristal.
(1962)
Referência:
PLATH, Sylvia. New year on Dartmoor. In: __________. The collected poems. Edited by Ted
Hughes. 4th ed. New York, NY: Harper & Row, 1981. p. 176.
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