Neste poema que, de certa forma, emula os motivos de “Para uma locomotiva no inverno”,
de Walt Whitman, o seu conterrâneo Theodore Roethke descreve a experiência de
haver cruzado os EUA de trem, numa longa viagem à noite.
O seu ritmo tenta reproduzir o padrão daquilo que surge, passo a passo,
aos olhos do poeta: luzes que cortam os desfiladeiros, chuva densa sobre a
janela, amplos espaços vazios, estrépitos das engrenagens mecânicas e assim por
diante. Em sua poética viagem, Roethke reconhece a pura alegria que experimenta
no ato de percepção: ele se detém a contemplar a terra que ama...
J.A.R. – H.C.
Theodore Roethke
(1908-1963)
Night Journey
Now as the train bears west,
Its rhythm rocks the earth,
And from my Pullman berth
I stare into the night
While others take their rest.
Bridges of iron lace,
A suddenness of trees,
A lap of mountain mist
All cross my line of sight,
Then a bleak wasted place,
And a lake below my knees.
Full on my neck I feel
The straining at a curve;
My muscles move with steel,
I wake in every nerve.
I watch a beacon swing
From dark to blazing bright;
We thunder through ravines
And gullies washed with light.
Beyond the mountain pass
Mist deepens on the pane;
We rush into a rain
That rattles double glass.
Wheels shake the roadbed stone,
The pistons jerk and shove,
I stay up half the night
To see the land I love.
Estrada de Ferro
(Philip D. Hawkins:
artista inglês)
Viagem Noturna
Agora, enquanto o trem
ruma a oeste,
Seu ritmo estremece a
terra,
E do meu beliche
Pullman
Espreito fixamente a
noite
Enquanto os outros
descansam.
Pontes de ferro enastrado,
Um rompante de
árvores,
À volta da montanha um
anel de bruma,
Tudo cruza a minha
linha de visão,
Mais adiante, um
lugar desolado e sombrio,
E um lago logo abaixo
dos meus joelhos.
Sobre o pescoço sinto
por completo
A tensão a cada
curva;
Meus músculos
movem-se com o aço,
E eu desperto em cada
nervo.
Avisto um farol oscilar
Da escuridão ao
brilho refulgente;
Ribombamos através de
desfiladeiros
E ravinas banhadas
com luz.
Depois de passar pela
montanha
A névoa aprofunda-se
sobre o vidro da janela;
Avançamos sob uma
chuva
Que chacoalha o vidro
duplo.
As rodas trepidam as
pedras do leito da estrada,
Os pistões empuxam e
impelem,
Fico até tarde da
noite
Para contemplar a
terra que amo.
Referência:
ROETHKE, Theodore. Night journey. In: MAGALHÃES JÚNIOR, Eduardo. Tickling the muses: anthology of
american poetry. Maceió, AL: Edufal - Editora da Universidade Federal de Alagoas, 1989.
p. 39.
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