Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 16 de outubro de 2016

Theodore Roethke - Viagem Noturna

Neste poema que, de certa forma, emula os motivos de “Para uma locomotiva no inverno”, de Walt Whitman, o seu conterrâneo Theodore Roethke descreve a experiência de haver cruzado os EUA de trem, numa longa viagem à noite.

O seu ritmo tenta reproduzir o padrão daquilo que surge, passo a passo, aos olhos do poeta: luzes que cortam os desfiladeiros, chuva densa sobre a janela, amplos espaços vazios, estrépitos das engrenagens mecânicas e assim por diante. Em sua poética viagem, Roethke reconhece a pura alegria que experimenta no ato de percepção: ele se detém a contemplar a terra que ama...

J.A.R. – H.C.

Theodore Roethke
(1908-1963)

Night Journey

Now as the train bears west,
Its rhythm rocks the earth,
And from my Pullman berth
I stare into the night
While others take their rest.
Bridges of iron lace,
A suddenness of trees,
A lap of mountain mist
All cross my line of sight,
Then a bleak wasted place,
And a lake below my knees.
Full on my neck I feel
The straining at a curve;
My muscles move with steel,
I wake in every nerve.
I watch a beacon swing
From dark to blazing bright;
We thunder through ravines
And gullies washed with light.
Beyond the mountain pass
Mist deepens on the pane;
We rush into a rain
That rattles double glass.
Wheels shake the roadbed stone,
The pistons jerk and shove,
I stay up half the night
To see the land I love.

Estrada de Ferro
(Philip D. Hawkins: artista inglês)

Viagem Noturna

Agora, enquanto o trem ruma a oeste,
Seu ritmo estremece a terra,
E do meu beliche Pullman
Espreito fixamente a noite
Enquanto os outros descansam.
Pontes de ferro enastrado,
Um rompante de árvores,
À volta da montanha um anel de bruma,
Tudo cruza a minha linha de visão,
Mais adiante, um lugar desolado e sombrio,
E um lago logo abaixo dos meus joelhos.
Sobre o pescoço sinto por completo
A tensão a cada curva;
Meus músculos movem-se com o aço,
E eu desperto em cada nervo.
Avisto um farol oscilar
Da escuridão ao brilho refulgente;
Ribombamos através de desfiladeiros
E ravinas banhadas com luz.
Depois de passar pela montanha
A névoa aprofunda-se sobre o vidro da janela;
Avançamos sob uma chuva
Que chacoalha o vidro duplo.
As rodas trepidam as pedras do leito da estrada,
Os pistões empuxam e impelem,
Fico até tarde da noite
Para contemplar a terra que amo.

Referência:

ROETHKE, Theodore. Night journey. In: MAGALHÃES JÚNIOR, Eduardo. Tickling the muses: anthology of american poetry. Maceió, AL: Edufal - Editora da Universidade Federal de Alagoas, 1989. p. 39.

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