Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 30 de outubro de 2016

Pierre de Ronsard - Soneto a Helena (nº 24)

Embora migrem, posteriormente, por distintos desenvolvimentos, as linhas introdutórias deste poema de Ronsard – dedicado a Hélène de Surgères, como todos os outros de “Sonnets pour Hélène”, depois que esta perdeu o amante vitimado em guerra –, são muito semelhantes às do poema do irlandês W. B. Yeats, que aqui postamos.

E porque Helena, como não associar o seu encanto ao da heroína da Guerra de Troia? Afinal, tudo é válido na poesia, esse resíduo de fragrância convertido em beleza, por uma prática de vidência do poeta, como diria Rimbaud.

J.A.R. – H.C.

Pierre de Ronsard
(1524-1585)
Pintura de autor desconhecido

Sonnet pour Hélène

Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise aupres du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous esmerveillant:
Ronsard me celebroit du temps que j’éstois belle.

Lors vous n’aurez servante oyant telle nouvelle,
Desja sous le labeur à demy sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s’aille resveillant,
Benissant votre nom de louange immortelle.

Je seray sous la terre et fantôme sans os
Par les ombres myrteux je prendray mon repos;
Vous serez au fouyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et vostre fier desdain.
Vivez, si m’en croyez, n’attendez à demain:
Cueillez dès aujourdhuy les roses de la vie.

Flores em Vaso de Vidro
(Rachel Ruysch: pintora holandesa)

Soneto a Helena

Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela,
Junto ao fogo do lar, dobando o fio e fiando,
Dirás, ao recitar meus versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela.

E entre as servas então não há de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando,
Se o meu nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor que o teu nome revela.

Sob a terra eu irei, fantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,

Chorando o meu amor e o teu cruel desdém.
Vive sem esperar pelo dia que vem;
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida.

Referência:

RONSARD, Pierre de. Sonnet pour Hélène / Soneto a Helena. Tradução de Guilherme de Almeida. In: ALMEIDA, Guilherme de (Seleção e tradução). Poetas de França. Prefácio de Marcelo Tápia. 5. ed. São Paulo, SP: Babel, 2011. Em francês: p. 26; em português: p. 27.

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