Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Stefan George - O Eremita

O poeta quase reprisa o enredo bíblico do filho pródigo: seu rebento havia retornado de vagares e errâncias e, pelo momento, imaginou que ele pudesse considerar – por um bom tempo ou, quem sabe, para sempre –, a sua companhia serena e tranquila.

Contudo, mal o alvorecer surgia, o filho partiu novamente para longe, rejeitando a paz e a segurança oferecidas pelo pai: imagina o poeta que os céus não aceitaram a sua valiosa proposta de resgate, ironicamente um símbolo de virtual renúncia à riqueza terrena.

J.A.R. – H.C.

Stefan George
(1868-1933)

Der Einsiedel

Ins offne fenster nickten die hollunder
Die ersten reben standen in der bluht,
Da kam mein sohn zurück vom land der wunder,
Da hat mein sohn an meiner brust geruht.

Ich ließ mir allen seinen kummer beichten,
Gekränkten stolz auf seinem erden-ziehn –
Ich hätte ihm so gerne meinen leichten
Und sichern frieden hier bei mir verliehn.

Doch anders fügten es der himmel sorgen –
Sie nahmen nicht mein reiches lösegeld…
Er ging an einem jungen ruhmes-morgen.
Ich sah nur fern noch seinen schild im feld.


O Eremita
Arte Digital
(Bob Nolin: artista norte-americano)

O Eremita

Saudavam-me os sabugueiros pela janela aberta,
As primeiras videiras já estavam em flor,
Quando meu filho regressou do país da magia,
E logo em meu peito pôs-se a descansar.

Deixei que me revelasse todo o seu desconsolo,
O orgulho ferido em seus excessos mundanos –
Como eu teria ficado feliz em fazê-lo considerar
A segura guarida e a tranquilidade ao meu lado.

Mas assim não dispuseram os cuidados dos céus –
Que relutaram em aceitar o meu precioso resgate...
Partiu quando uma nova aurora de glória renascia.
Avistei-lhe só o escudo já a distância no campo.

Referência:

GEORGE, Stefan. Der einsiedel. In: PLOTZ, Helen (Sel.). Poems from the german. Drawings by Ismar David. A Bilingual Edition: German - English. New York, NY: Thomas Y. Crowell Company, 1967. p. 80.

Nenhum comentário:

Postar um comentário