Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 8 de outubro de 2016

Gabriel Celaya - Terrível Glória do Real

Celaya nos conclama a dar atenção redobrada ao momento presente, tão perpétuo e mais real que todas as projeções que façamos do futuro ou das memórias evocadas de tempos idos e vividos.

Abaixo todas as metafísicas, porque, seja como for, tudo são aparências que perduram por apenas um átimo, tão palpável quanto um infinitésimo de existência a se manifestar pela totalidade do ser então revelado.

J.A.R. – H.C.

Gabriel Celaya
(1911-1991)

Terrible Gloria de lo Real

No busqueís algo escondido. El ser sólo es presencia.
Lo vemos. Lo tocamos. Lo escuchamos
en cuanto tontamente llamamos apariencia.

Estamos inventando falsos paraísos
y aún teniéndolo todo no vemos el regalo:
El instante es lo eterno; lo real, el prodigio.

En un pelo cualquiera de tu pobre cabeza
metafísica y tonta, todo el ser está entero
En tu nariz, tu dedo, y en cuanto nunca piensas.

Pero no es creíble, cierto, la impensable evidencia,
la tontería alegre sin causa y sin efecto
de ser, y sólo ser, un momento, existencia.

¡Oh momento perpétuo¡ No un momento en el tiempo.
Pues ¿qué hay más absoluto que el hoy cuando nos colma?
En él está mi ser viendo pasar los cuentos:

Los aburridos cuentos y las historias locas
que tanto nos alejan de lo único asombroso:
El ser que se revela, total, en cualquier cosa.

Oh ser, sí, de verdad, el ser, el ser completo
puesto que nada existe que no sea apariencia
y en cualquier existencia lo total se da entero¡

En: “Buenos días, buenas noches” (1976)

Moça à Janela
(Salvador Dalí: pintor espanhol)

Terrível Glória do Real

Não busqueis algo escondido. Somente o ser é presença.
Vemo-lo. Tocamo-lo. Escutamo-lo,
enquanto tolamente chamamo-lo aparência.

Estamos inventando falsos paraísos
e ainda que os tenhamos todos não vemos a dádiva:
o instante é o eterno; o real, o prodígio.

Num cabelo qualquer de tua pobre cabeça
metafísica e  inepta, todo o ser está inteiro.
Em teu nariz, teu dedo, ainda que nunca penses.

Porém não é crível, seguramente, a impensável evidência,
o desvario alegre sem causa e sem efeito
do ser, e somente ser, um momento, existência.

Oh momento perpétuo! Não um momento no tempo.
Pois o que há mais absoluto do que o hoje quando nos preenche?
Nele meu ser está, vendo passar os contos:

Os enfadonhos contos e as loucas histórias
que tanto nos distanciam do único espantoso:
o ser que se revela, total, em qualquer coisa.

Oh ser, sim, de verdade, o ser, o ser completo,
haja vista que nada existe que não seja aparência
e, em qualquer existência, o total se dá inteiro!

Em: “Bons dias, boas noites” (1976)

Referência:

CELAYA, Gabriel. Terrible gloria de lo real. In: RUBIO, Fanny; FALCÓ, José Luis (Selección, estudio y notas). Poesía española contemporánea: historia y antologia (1939-1980). 1. ed. Madrid, ES: Alhambra, 1981. p. 239.

Nenhum comentário:

Postar um comentário