Celaya nos conclama a dar atenção redobrada ao momento presente, tão perpétuo
e mais real que todas as projeções que façamos do futuro ou das memórias
evocadas de tempos idos e vividos.
Abaixo todas as metafísicas, porque, seja como for, tudo são aparências
que perduram por apenas um átimo, tão palpável quanto um infinitésimo de existência
a se manifestar pela totalidade do ser então revelado.
J.A.R. – H.C.
Gabriel Celaya
(1911-1991)
Terrible Gloria de lo Real
No busqueís algo
escondido. El ser sólo es presencia.
Lo vemos. Lo tocamos.
Lo escuchamos
en cuanto tontamente
llamamos apariencia.
Estamos inventando
falsos paraísos
y aún teniéndolo todo
no vemos el regalo:
El instante es lo
eterno; lo real, el prodigio.
En un pelo cualquiera
de tu pobre cabeza
metafísica y tonta,
todo el ser está entero
En tu nariz, tu dedo,
y en cuanto nunca piensas.
Pero no es creíble,
cierto, la impensable evidencia,
la tontería alegre
sin causa y sin efecto
de ser, y sólo ser,
un momento, existencia.
¡Oh momento perpétuo¡
No un momento en el tiempo.
Pues ¿qué hay más absoluto
que el hoy cuando nos colma?
En él está mi ser
viendo pasar los cuentos:
Los aburridos cuentos
y las historias locas
que tanto nos alejan
de lo único asombroso:
El ser que se revela,
total, en cualquier cosa.
Oh ser, sí, de
verdad, el ser, el ser completo
puesto que nada
existe que no sea apariencia
y en cualquier
existencia lo total se da entero¡
En: “Buenos días, buenas noches” (1976)
Moça à Janela
(Salvador Dalí:
pintor espanhol)
Terrível Glória do Real
Não busqueis algo
escondido. Somente o ser é presença.
Vemo-lo. Tocamo-lo.
Escutamo-lo,
enquanto tolamente
chamamo-lo aparência.
Estamos inventando
falsos paraísos
e ainda que os
tenhamos todos não vemos a dádiva:
o instante é o
eterno; o real, o prodígio.
Num cabelo qualquer
de tua pobre cabeça
metafísica e inepta, todo o ser está inteiro.
Em teu nariz, teu
dedo, ainda que nunca penses.
Porém não é crível, seguramente,
a impensável evidência,
o desvario alegre sem
causa e sem efeito
do ser, e somente
ser, um momento, existência.
Oh momento perpétuo!
Não um momento no tempo.
Pois o que há mais
absoluto do que o hoje quando nos preenche?
Nele meu ser está,
vendo passar os contos:
Os enfadonhos contos
e as loucas histórias
que tanto nos
distanciam do único espantoso:
o ser que se revela,
total, em qualquer coisa.
Oh ser, sim, de
verdade, o ser, o ser completo,
haja vista que nada
existe que não seja aparência
e, em qualquer
existência, o total se dá inteiro!
Em: “Bons dias, boas noites” (1976)
Referência:
CELAYA, Gabriel. Terrible gloria de lo
real. In: RUBIO, Fanny; FALCÓ, José Luis (Selección, estudio y notas). Poesía española contemporánea: historia
y antologia (1939-1980). 1. ed. Madrid, ES: Alhambra, 1981. p. 239.
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