Ao ler este poema do autor mexicano, lembrei-me da época de verão em
Belém do Pará, num mês em que há uma parada no calendário escolar – julho,
nomeadamente – e a cidade se esvazia por conta do relax nas praias...
O verão é, como afirma o poeta, a estação do cio, sobre o calor tórrido
e escaldante – brasas na metáfora direta que emprega –, a desencadear voos de
imaginação acomodados na linguagem, na palavra escrita – no poema, por conseguinte!
J.A.R. – H.C.
Octavio Paz
(1914-1998)
Las armas del verano
Oye la palpitación
del espacio
son los pasos de la
estación en celo
sobre las brasas del
año
Rumor de alas y de
crótalos
tambores lejanos del
chubasco
crepitación y jadeo
de la tierra
bajo su vestidura de
insectos y raíces
La sed despierta y
construye
sus grandes jaulas de
vidrio
donde tu desnudez es
agua encadenada
agua que canta y se
desencadena
Armada con las armas
del verano
entras en mi cuarto
entras en mi frente
y desatas el río del
lenguaje
mírate en esas
rápidas palabras
El día se quema poco
a poco
sobre el paisaje
abolido
tu sombra es un país
de pájaros
que el sol disipa con
un gesto
De: “Hacia el comienzo” (1964-1968)
Brisa de Verão
(Vladimir Volegov:
pintor russo)
As armas do verão
Escuta a palpitação
do espaço
são os passos da
estação no cio
sobre as brasas do
ano
Rumor de asas e de
guizos
tambores longínquos
do aguaceiro
crepitação e
respiração da terra
sob suas vestes de
insectos e raízes
A sede desperta e
constrói
suas grandes gaiolas
de vidro
onde tua nudez é água
encadeada
água que canta e se
desencadeia
Armada com as armas
do verão
entras em meu quarto
e em minha fronte
e desatas o rio da
linguagem
olha-te nestas
rápidas palavras
O dia queima-se pouco
a pouco
sobre a paisagem
abolida
tua sombra é um país
de pássaros
que o sol dissipa com
um gesto
De: “Iniciação” (1964-1968)
Referências:
Em Espanhol
PAZ, Octavio. Las armas de verano. In:
__________. Lo mejor de Octavio Paz:
el fuego de cada día. Selección, prólogo y comentarios del autor. Barcelona,
ES: Seix Barral, jun.2014. p. 225.
Em Português
PAZ, Octavio. As armas do verão. In:
__________. Antologia poética:
1935-1975. Organização e tradução de Luis Pignatelli. 2. ed. Lisboa, PT: Publicações
Dom Quixote, 1998. p. 107.
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