Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 16 de março de 2016

Sylvia Plath - Palavras

Plath nos convida a fluir por uma viagem mental através da paisagem metafórica do poema, ou melhor, da natureza do enunciado poético. Trata-se, por conseguinte, de um elogio ao poder que a poesia detém para perdurar no tempo, rumo à eternidade.

As imagens de que a poetisa lança mão são cortantes, por vezes desorientadoras, como que a materializar em palavras o seu estado psíquico. Ainda que as palavras tendam, no transcurso do tempo, como tudo na vida, a sofrer desgaste, elas foram o único – ou talvez o preferencial – recurso de defesa por meio do qual Plath deu fluxo livre aos seus sofrimentos emocionais.

J.A.R. – H.C.

Sylvia Plath
(1932-1963)

Words

Axes
After whose stroke the wood rings,
And the echoes!
Echoes travelling
Off from the centre like horses.

The sap
Wells like tears, like the
Water striving
To re-establish its mirror
Over the rock

That drops and turns,
A white skull,
Eaten by weedy greens.
Years later I
Encounter them on the road −

Words dry and riderless,
The indefatigable hoof-taps.
While
From the bottom of the pool, fixed stars
Govern a life.

Estrada Rural
(Ken Pugh Kenneth John: pintor norte-americano)

Palavras

Golpes
De machado que fazem soar a madeira,
E os ecos!
Ecos partem
Do centro como cavalos.

A seiva
Jorra como lágrimas, como a
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha

Que cai e rola,
Crânio branco
Comido por ervas daninhas.
Anos depois as encontro
Na estrada –

Palavras secas e sem rumo,
Infatigável bater de cascos.
Enquanto
Do fundo do poço estradas fixas
Governam uma vida.

Referência:

PLATH, Sylvia. Words / Palavras. Tradução de Ana Cristina César. In: Quingumbo: new north american poetry / nova poesia norte-americana. Antologia bilíngue. São Paulo, SP: Escrita, 1980. Em inglês: p. 210; em português: p. 211.

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