Plath nos convida a fluir por uma viagem mental através da paisagem
metafórica do poema, ou melhor, da natureza do enunciado poético. Trata-se, por
conseguinte, de um elogio ao poder que a poesia detém para perdurar no tempo,
rumo à eternidade.
As imagens de que a poetisa lança mão são cortantes, por vezes
desorientadoras, como que a materializar em palavras o seu estado psíquico.
Ainda que as palavras tendam, no transcurso do tempo, como tudo na vida, a
sofrer desgaste, elas foram o único – ou talvez o preferencial – recurso de
defesa por meio do qual Plath deu fluxo livre aos seus sofrimentos emocionais.
J.A.R. – H.C.
Sylvia Plath
(1932-1963)
Words
Axes
After whose stroke the wood rings,
And the echoes!
Echoes travelling
Off from the centre like horses.
The sap
Wells like tears, like the
Water striving
To re-establish its mirror
Over the rock
That drops and turns,
A white skull,
Eaten by weedy greens.
Years later I
Encounter them on the road −
Words dry and riderless,
The indefatigable hoof-taps.
While
From the bottom of the pool, fixed stars
Govern a life.
Estrada Rural
(Ken Pugh Kenneth John: pintor norte-americano)
Palavras
Golpes
De machado que fazem
soar a madeira,
E os ecos!
Ecos partem
Do centro como
cavalos.
A seiva
Jorra como lágrimas,
como a
Água lutando
Para repor seu
espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido por ervas
daninhas.
Anos depois as
encontro
Na estrada –
Palavras secas e sem
rumo,
Infatigável bater de
cascos.
Enquanto
Do fundo do poço
estradas fixas
Governam uma vida.
Referência:
PLATH, Sylvia. Words / Palavras. Tradução de Ana Cristina César. In: Quingumbo:
new north american poetry / nova poesia norte-americana. Antologia bilíngue.
São Paulo, SP: Escrita, 1980. Em inglês: p. 210; em português: p. 211.
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