Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 7 de março de 2016

Pedro Mir - Abulia

O poeta dominicano Pedro Mir sente certa apatia ao confrontar a realidade de sua própria existência e a ambicionada felicidade, tantas vezes imaginada em pensamentos que se esvaem nas espirais dos cigarros tragados.

Mir sente que a sua vida estagnou num charco, um perigoso espaço de inércia capaz de levar à indiferença: cumpre desencalhar o navio de sua existência em direção a rotas que o projetem para fora de sua zona de conforto...

J.A.R. – H.C.

Pedro Mir
(1913-2000)

Abulia

Mi vida va de viaje en un bostezo.
Desflorada de rutas
mi vida se ha olvidado del camino
y se orienta en mi barro…
¡Cuántas volutas de pensamiento
salen de las cenizas de mi cigarro!

Mi carne se hace elástica de hastío
y se da en la amplitud de un desperezo.
Después de todo: yo soy mío.
Mi vida es un navío
que ha cabido en el charco de un bostezo.

Bocejando
(Joseph Ducreux: pintor francês)

Abulia

Minha vida viaja num bocejo.
Desflorada de rotas
minha vida tem-se esquecido do caminho
e se orienta em meu barro...
Quantas espirais de pensamento
saem das cinzas de meu cigarro!

Minha carne faz-se elástica de fastio
e se dá na amplitude de um estirar-se.
Depois de tudo: eu sou meu.
Minha vida é um navio
que tem-se alojado no charco de um bocejo.

Referência:

MIR, Pedro. Abulia. In: __________. Primeros versos. Santo Domingo (DO): Taller, 1993. p. 25.

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