O já quase centenário poeta Richard Wilbur propõe-nos um poema a
diferençar um quarto de uma charneca ou pântano: em sua linha conclusiva, ele
observa que o pior é não ter ninguém em casa para conversar, se você optar em
viver na charneca, ou melhor, ao ar livre.
O poeta joga com a grafia das palavras ‘room’ (quarto) e o seu reverso
ortográfico ‘moor’ (charneca), para assim extrair as injunções antitéticas dos
dois ambientes e forçar o leitor a reconhecer que, para os humanos, um quarto
representa um ambiente mais aconchegante e caro às suas necessidades.
J.A.R. – H.C.
Richard Wilbur
(n. 1921)
A Difference
How is a room
unlike a moor?
They’re not the same, you may be sure.
A room
has walls, a moor does not.
Inquire of any honest Scot
And he will say, I have no doubt,
That one’s indoors and one is out.
A room,
then, fits inside a dwelling;
A moor is
its reverse in spelling,
And has such wild outdoorish weather,
Such rocks, such miles and miles of heather
All full of flocks of drumming grouse,
You wouldn’t have one in the house.
Tetrazes Negros
(Esther van Hulsen:
artista holandesa)
Uma Diferença
Quão dessemelhante é
um quarto de uma charneca?
Eles não são a mesma
coisa, pode estar certo.
Um quarto tem paredes, uma charneca não.
Pergunte a qualquer escocês
honesto
E ele dirá, não tenho
nenhuma dúvida,
O que está no
interior de um e o que dele está fora.
Um quarto, à vista disso, cabe numa
residência;
Uma charneca é o seu reverso na ortografia,
Já que tem um rude
clima ao ar livre,
Além de rochas, assim
como milhas e milhas de urzes
Todas repletas de
bandos de tetrazes a perturbar,
E você não teria
ninguém em casa.
Referência:
WILBUR, Richard. A difference. In: NELSON, Cary (Ed.). Contemporary american poetry. Vol. two.
9th print. New York, NY: Oxford University Press, 2015. p. 801.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário