Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 15 de março de 2016

Gloria Fuertes - O planeta terra

Vivemos num planeta cuja superfície é dominada pela Água, ainda que se chame Terra. E é sobre essa realidade que a espanhola Glória Fuertes se atém, quando nos oferece o poema em epígrafe.

Fuertes assinala que cada verso escrito veicula mais sangue – ou seja, mais dores e flagelos experimentados em vida – do que propriamente tinta a se esvair com o deslizar da pena. E a palavra tende a nascer de um estado líquido da matéria, cuja forma se adapta às vontades e pensamentos do poeta!

J.A.R. – H.C.

Gloria Fuertes
(1917-1998)

El planeta tierra

El planeta tierra
debería llamarse planeta agua.

En la tierra hay más agua que cuerpo,
en el cuerpo hay más cuerpo que alma,
en la tierra hay más peces que aves,
en las aves más plumas que alas.

En el verso hay más sangre que tinta,
en la tinta más sombra que nada,
en la nada hay más algo que alga
y ese algo se mueve y reluce
y nace la palabra.

De: “Historia de Gloria” (1980)

Equilibrado entre a Terra e a Poesia
(George Inness: pintor norte-americano)

O planeta terra

O planeta terra
deveria chamar-se planeta água.

Na terra há mais água que corpo,
no corpo há mais corpo que alma,
na terra há mais peixes que aves,
nas aves mais plumas que asas.

No verso há mais sangue que tinta,
na tinta mais sombra que nada,
no nada há mais algo que alga
e esse algo se move e reluz
e nasce a palavra.

De: “História de Glória” (1980)

Planeta Água
(Guilherme Arantes)

Referência:

FUERTES, Gloria. El planeta Tierra. In: RUBIO, Fanny; FALCÓ, José Luis (Sellección, estudio y notas). Poesia española contemporánea: historia y antología (1939-1980). 1. ed. Madrid (ES): Editorial Alhambra, 1981. p. 264-265.

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