O poeta parece estar vaticinado a ter uma vida de exílio: Platão, por
exemplo, deixou-o bem distante do seu projeto de República. Num salto de mais
de dois milênios, já no século XX, o alemão Brecht sumaria algumas histórias de
exílio ocorridas com poetas de diversas nacionalidades...
E como se fosse um escárnio, conta sobre a sua própria história de
exílio: o poema abaixo, pertencente à sua fase criativa que vai de 1938 a 1941,
relembra que, perseguido pelos nazistas, teve que se exilar, fixando-se
primeiramente na Suíça, depois em Paris, logo após na Dinamarca. Mais tarde,
com a invasão da Dinamarca pelos alemães, partiu para Nova York, em 1941.
J.A.R. – H.C.
Bertolt Brecht
(1898-1956)
A Emigração dos Poetas
Homero não tinha
morada
E Dante teve que
deixar a sua.
Li-Po e Lu-Tu andaram
por guerras civis
Que tragaram 30
milhões de pessoas
Eurípides foi
ameaçado com processos
E Shakespeare,
moribundo, foi impedido de falar.
Não apenas a Musa,
também a polícia
Visitou François
Villon.
Conhecido como “o
Amado”
Lucrécio foi para o
exílio.
Também Heine, e assim
também
Brecht, que buscou
refúgio
Sob o tecto de palha
dinamarquês.
Dante no Exílio
(Domenico Peterlini:
pintor italiano)
Referência:
BRECHT, Bertolt. A emigração dos
poetas. In: __________. Poemas:
1913-1956. 5. ed. Seleção e tradução de Paulo César de Souza. São Paulo, SP: Editora
34, 2000. p. 121.
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