Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 27 de março de 2016

Bertolt Brecht - A Emigração dos Poetas

O poeta parece estar vaticinado a ter uma vida de exílio: Platão, por exemplo, deixou-o bem distante do seu projeto de República. Num salto de mais de dois milênios, já no século XX, o alemão Brecht sumaria algumas histórias de exílio ocorridas com poetas de diversas nacionalidades...

E como se fosse um escárnio, conta sobre a sua própria história de exílio: o poema abaixo, pertencente à sua fase criativa que vai de 1938 a 1941, relembra que, perseguido pelos nazistas, teve que se exilar, fixando-se primeiramente na Suíça, depois em Paris, logo após na Dinamarca. Mais tarde, com a invasão da Dinamarca pelos alemães, partiu para Nova York, em 1941.

J.A.R. – H.C.

Bertolt Brecht
(1898-1956)

A Emigração dos Poetas

Homero não tinha morada
E Dante teve que deixar a sua.
Li-Po e Lu-Tu andaram por guerras civis
Que tragaram 30 milhões de pessoas
Eurípides foi ameaçado com processos
E Shakespeare, moribundo, foi impedido de falar.
Não apenas a Musa, também a polícia
Visitou François Villon.
Conhecido como “o Amado”
Lucrécio foi para o exílio.
Também Heine, e assim também
Brecht, que buscou refúgio
Sob o tecto de palha dinamarquês.

Dante no Exílio
(Domenico Peterlini: pintor italiano)

Referência:

BRECHT, Bertolt. A emigração dos poetas. In: __________. Poemas: 1913-1956. 5. ed. Seleção e tradução de Paulo César de Souza. São Paulo, SP: Editora 34, 2000. p. 121.

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