O poema abaixo transcrito, cuja referência atribui a autoria a Jacob
Nibenegenasábe, poeta canadense, foi extraído, de fato, de um longo poema
narrativo indígena: “The Wishing Bone Cycle – Narrative Poems Swampy Cree Indians”.
A cultura indígena dos “Swampy Cree” vê o silêncio como anormal. Em sua
tradição oral, crianças possuem nomes extraídos de histórias acerca do grupo, e
tais histórias e poemas são passados de geração a geração.
Daí que se algo na natureza, ou mesmo nos humanos, se retrai e se torna
silencioso, como quando ocorrem as paisagens inóspitas do inverno rigoroso, aos
indígenas da referida tribo pode parecer que se trata de um fato invulgar e
fora de seu contexto cultural.
J.A.R. – H.C.
Quiet until the thaw
Her name tells of how
it was with her.
The truth is, she did not speak
in winter.
Everybody learned not to
ask her questions in winter,
once this was known about her.
The first winter this happened
we looked in her mouth to see
if something was frozen. Her tongue
maybe, or something else in there.
But after the thaw she spoke again
and told us it was fine for her that way.
So each spring we
looked forward to
that.
Degelo no Início da Primavera
(Varvara Harmon:
pintora russa)
Tranquila até o degelo
Seu nome diz de como
era com ela.
A verdade é que ela
não falava
no inverno.
Todo mundo aprendeu a
não
fazer-lhe perguntas
no inverno,
uma vez que isso se
sabia sobre ela.
No primeiro inverno
em que isso aconteceu
nos fixamos em sua
boca para ver
se algo estava
congelado. Sua língua
talvez, ou alguma
coisa lá dentro.
Mas depois do degelo
ela voltou a falar
e nos disse que era
bom para ela dessa maneira.
Então, em cada
primavera
esperávamos por isso.
Referência:
Nibenegenasábe, Jacob. Quiet until the thaw. Translation into English by
Howard Norman. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Eds.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New
York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 203.
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