Às vezes criamos tensões para nós mesmos, que se reproduzem
interminavelmente, minando nossa vitalidade. Cada tensão é como uma flor, a germinar
da mais atilada consciência, num domínio pouco acessado pelas pessoas.
O poeta expressa a sua vulnerabilidade com espírito lhano, apontando
cada flor metafórica à sua volta, aqui e ali, ainda mais – e sobretudo – porque
todas elas encerradas dentro de si mesmo, tornando-lhe pesarosa a existência.
J.A.R. – H.C.
Robert Creeley
(1926-2005)
The flower
I think I grow tensions
like flowers
in a wood where
nobody goes.
Each wound is perfect,
encloses itself in a tiny
imperceptible blossom,
making pain.
Pain is a flower like that one,
like this one,
like that one,
like this one.
(1962)
Flores num Vaso
(Jan Brueghel, o
Velho: pintor flamengo)
A flor
Penso que cultivo
tensões
como flores
num bosque onde
ninguém vai.
Cada ferida é
perfeita,
encerra-se num
diminuto,
imperceptível
rebento,
provocando dor.
Dor é uma flor como
aquela,
como esta,
como aquela,
como esta.
Referência:
CREELEY, Robert. The flower. In: HOOVER, Paul (Ed.). A postmodern american poetry: a norton
anthology. New York, NY: W. W. Norton & Company Inc., 1994. p. 145.
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