Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 2 de março de 2016

Robert Creeley - A flor

Às vezes criamos tensões para nós mesmos, que se reproduzem interminavelmente, minando nossa vitalidade. Cada tensão é como uma flor, a germinar da mais atilada consciência, num domínio pouco acessado pelas pessoas.

O poeta expressa a sua vulnerabilidade com espírito lhano, apontando cada flor metafórica à sua volta, aqui e ali, ainda mais – e sobretudo – porque todas elas encerradas dentro de si mesmo, tornando-lhe pesarosa a existência.

J.A.R. – H.C.

Robert Creeley
(1926-2005)

The flower

I think I grow tensions
like flowers
in a wood where
nobody goes.

Each wound is perfect,
encloses itself in a tiny
imperceptible blossom,
making pain.

Pain is a flower like that one,
like this one,
like that one,
like this one.

(1962)

Flores num Vaso
(Jan Brueghel, o Velho: pintor flamengo)

A flor

Penso que cultivo tensões
como flores
num bosque onde
ninguém vai.

Cada ferida é perfeita,
encerra-se num diminuto,
imperceptível rebento,
provocando dor.

Dor é uma flor como aquela,
como esta,
como aquela,
como esta.

Referência:

CREELEY, Robert. The flower. In: HOOVER, Paul (Ed.). A postmodern american poetry: a norton anthology. New York, NY: W. W. Norton & Company Inc., 1994. p. 145.

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