As contingências do amor e de como, a cada relação, o ser humano procura
moldar-se a uma nova realidade, ou melhor, ajustar sua psique à mudança: tal é
a forma de Robert Browning, poeta e dramaturgo inglês, abordar a questão
afetiva, um tema que se assemelha a destino para ele.
O amor... Deve-se ser tenaz para mantê-lo, mesmo ao custo de alguns
contratempos. A atração, aqui, parece não ter enfoque voltado à felicidade, senão
que se associa a uma espécie de fardo a suportar. Amor para Browning não é um
caminho certo para a ventura, mas uma luta cujos esforços hão de ser
despendidos “pari passu” com o avançar do tempo.
J.A.R. – H.C.
Robert Browning
(1812 - 1889)
Life in a Love
Escape me?
Never −
Beloved!
While I am I, and you are you,
So long as the world contains us both,
Me the loving and you the loth,
While the one eludes, must the other pursue.
My life is a fault at last, I fear:
It seems too much like a fate, indeed!
Though I do my best I shall scarce succeed.
But what if I fail of my purpose here?
It is but to keep the nerves at strain,
To dry one’s eyes and laugh at a fall,
And baffled, get up to begin again, −
So the chase takes up one’s life, that’s all.
While, look but once from your farthest bound,
At me so deep in the dust and dark,
No sooner the old hope drops to ground
Than a new one, straight to the selfsame mark,
I shape me −
Ever
Removed!
Inveja e Namorico
(Haynes King: pintor
inglês)
A Vida em um Amor
Foge-me?
Jamais –
Amada!
Enquanto eu for eu, e
você for você,
Tão extenso quanto o
mundo que a ambos nos contém,
Eu o amante e você a
relutante,
Enquanto um se
esquiva, deve o outro assediar.
Minha vida é um erro
afinal, receio.
De fato, muito se
parece com um destino!
Ainda que faça o meu
melhor, alcanço escassos êxitos.
Mas se eu aqui falhar
em meu propósito?
É senão para manter
os nervos sob tensão,
Para secar os olhos
de alguém e rir a cada baque,
E desconcertado,
levantar para um novo começo –
Assim que o assédio
ocupa a vida de alguém, isso é tudo.
Contudo, olhe para
mim, senão uma vez mais para além de seu limite,
Tão profundamente, na
poeira e na escuridão,
Mal a velha esperança
cai por terra
Em um novo alguém,
franco para si mesmo,
Eu me moldo –
Sempre
Apartado!
Referência:
BROWNING, Robert. Life in a love. In: __________. Poems. Classic Poetry Series.
Publisher: PoemHunter.com. The World’s Poetry Archive, 2004. Disponível neste
endereço. Acesso em: 14 set 2015. p. 231.
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