Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 10 de outubro de 2015

Anthero de Quental - Hino à Razão

Sob a forma de soneto, o lusitano Anthero de Quental tece loas à razão. Ela mesma que, segundo Pascal, desconhece as razões do coração. Ela mesma que é refém de si própria, quando passamos a vida a procurar razões capazes de justificar atos e fatos inexplicáveis.

Anthero vislumbra a permanência da própria poesia nos fundamentos da razão. Ela seria, ademais, o motivo esclarecedor para abraçarmos a liberdade como valor, na medida em que depositamos fé em nosso livre arbítrio. Para a ventura de uma vida que se espera plena e virtuosa.

J.A.R. – H.C.

Anthero de Quental
(1842-1891)

Hino à Razão

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poesia movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

Julieta
(Frank Bernard Dicksee: pintor inglês)

Referência:

QUENTAL, Antero de. Hino à razão. In: __________. Poesia e prosa. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972. p. 38.

Nenhum comentário:

Postar um comentário