Se tudo quanto há, na escala molecular, são aglutinações de átomos que,
em seu interior, compõe-se sobretudo de espaço vazio, pode-se inferir que nossas
visões das coisas mais parecem miragens que se alteram em alta velocidade, de
forma que átomos que hoje estão aqui, amanhã estarão acolá.
Assim, árvore hoje, rio amanhã, sonho ou fogueira qualquer dia desses,
mudando aquilo que tem de ser mudado, tudo para provar que no mundo nada é
estático, apesar das aparências. Mesmo que seja para atestar que essa vida seja
uma mentira...
J.A.R. – H.C.
Hildebrando Pérez Grande
(n. 1941)
Mutatis Mutandis
Un árbol derribado no
es un árbol: es un río
que crece entre los
hombres. Un río que crece
entre los hombres no
es un río: es un sueño
que en los días de
verano se desborda sobre tu tierra
seca. Y un sueño que
en los días de verano
se desborda sobre tu
tierra seca no es un sueño:
es la hoguera en la
que por un tiempo
ha de temblar tu
delicioso cuerpo. Pero la hoguera
en la que por un
tiempo ha de temblar
tu delicioso cuerpo
no es, como supones, una fuente:
es tan sólo un árbol,
un río, un sueño que te dice
inútilmente que sí,
que es mentira, que no lo volverá a hacer.
Mutatis Mutandis
(Scott Nicklin: artista norte-americano)
Mutatis
Mutandis
Uma árvore derrubada
não é uma árvore: é um rio
que cresce entre os
homens. Um rio que cresce
entre os homens não é
um rio: é um sonho
que nos dias de verão
se desborda sobre tua terra
seca. E um sonho que
nos dias de verão
se desborda sobre tua
terra seca não é um sonho:
é a fogueira em que
por um tempo
há de tremer teu
delicioso corpo. Porém a fogueira
em que por um tempo
há de tremer
teu delicioso corpo
não é, como supões, uma fonte:
é tão somente uma
árvore, um rio, um sonho que te diz
inutilmente que sim,
que és mentira, que não o voltará a fazer.
Referência:
GRANDE, Hildebrando Pérez. Mutatis
mutandis. In: KASTEN, Alfonso Larrahona (Org.). Poetas hispanoamericanos para el tercer milenio. México, A.C.:
Ediciones Del Frente de Afirmación Hispanista; Valparaíso, CH: Correo de la
Poesia; 1993. p. 145.
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