Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Elinor Wylie - Que nenhuma caridosa esperança

Ser mulher tem algo de desvantajoso numa sociedade ainda hoje corrompida pelo sexismo: é assim como se sente a poetisa norte-americana Elinor Wylie, neste poema que mais parece um desafogo às condições restritivas em que sua vida então transcorre.

Ela não se sente nem predadora, como uma águia, nem presa, como os antílopes. Águia e antílope também são sinônimos de ampla liberdade, com a qual, talvez, Elinor também não se sentisse confortável. Mas apesar de todos os contratempos, ela rejeita a esperança enquanto dom comparável a ser destinatário de caridade. E segue vivendo as dificuldades da vida, sem temor e sem deixar de escapar o seu sorriso nos momentos oportunos.

J.A.R. – H.C.

Elinor Wylie
(1885-1928)

Let no charitable hope

Now let no charitable hope
Confuse my mind with images
Of eagle and of antelope:
I am in nature none of these.

I was, being human, born alone;
I am, being woman, hard beset;
I live by squeezing from a stone
The little nourishment I get.

In masks outrageous and austere
The years go by in single file;
But none has merited my fear,
And none has quite escaped my smile.

A Máscara
(Kathy Ostman Magnusen: artista norte-americana)

Que nenhuma esperança caridosa

Agora, que nenhuma caridosa esperança
Venha a turbar minha mente com imagens
De águia e de antílope:
Minha natureza delas se distingue.

Sendo humana, vim ao mundo solitária;
Sendo mulher, sou assediada rudemente;
Vivo espremendo de uma pedra
O pouco alimento que granjeio.

Em máscaras horrendas e austeras
Passam-se os anos em uma só fila;
Porém nenhum mereceu o meu medo,
E nenhum logrou abreviar o meu sorriso.

Referência:

WYLIE, Elinor. Let no charitable hope. In: MANENT, M. (Selección, prólogo y traducción). La poesía inglesa: los contemporáneos. Edición bilingüe (Inglés-Español). 2. ed. Barcelona, ES: Ediciones Lauro, 1948. p. 104.

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