Ser mulher tem algo de desvantajoso numa sociedade ainda hoje corrompida
pelo sexismo: é assim como se sente a poetisa norte-americana Elinor Wylie,
neste poema que mais parece um desafogo às condições restritivas em que sua
vida então transcorre.
Ela não se sente nem predadora, como uma águia, nem presa, como os
antílopes. Águia e antílope também são sinônimos de ampla liberdade, com a qual,
talvez, Elinor também não se sentisse confortável. Mas apesar de todos os
contratempos, ela rejeita a esperança enquanto dom comparável a ser destinatário
de caridade. E segue vivendo as dificuldades da vida, sem temor e sem deixar de
escapar o seu sorriso nos momentos oportunos.
J.A.R. – H.C.
Elinor Wylie
(1885-1928)
Let no charitable
hope
Now let no charitable hope
Confuse my mind with images
Of eagle and of antelope:
I am in nature none of these.
I was, being human, born alone;
I am, being woman, hard beset;
I live by squeezing from a stone
The little nourishment I get.
In masks outrageous and austere
The years go by in single file;
But none has merited my fear,
And none has quite escaped my smile.
A Máscara
(Kathy Ostman
Magnusen: artista norte-americana)
Que nenhuma esperança caridosa
Agora, que nenhuma caridosa
esperança
Venha a turbar minha
mente com imagens
De águia e de
antílope:
Minha natureza delas
se distingue.
Sendo humana, vim ao
mundo solitária;
Sendo mulher, sou assediada
rudemente;
Vivo espremendo de
uma pedra
O pouco alimento que
granjeio.
Em máscaras horrendas
e austeras
Passam-se os anos em uma
só fila;
Porém nenhum mereceu
o meu medo,
E nenhum logrou
abreviar o meu sorriso.
Referência:
WYLIE, Elinor. Let no charitable hope. In: MANENT, M. (Selección,
prólogo y traducción). La poesía inglesa: los contemporáneos.
Edición bilingüe (Inglés-Español). 2. ed. Barcelona, ES: Ediciones Lauro, 1948.
p. 104.
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