Neste soneto, do poeta e educador norte-americano Henry W. Longfellow,
vê-se o paralelismo que o autor empreende entre um fato natural, como o barulho
das ondas do mar, com coisas que vão no interno de cada ser humano, como, por
exemplo, a que se extrai da metáfora “o murmúrio das marés do mar da alma”.
E assim se chega às coisas sobre as quais não temos qualquer controle ou
fundamentos racionais, as quais, por vezes, julgamos resultantes de nossa
inspiração ou talento, mas que, de fato, passam ao largo de qualquer intervenção
humana.
J.A.R. – H.C.
Henry Wadsworth Longfellow
(1807-1882)
The Sound of
the Sea
The sea awoke at midnight from its sleep,
And round the pebbly beaches far and wide
I heard the first wave of the rising tide
Rush onward with uninterrupted sweep;
A voice out of the silence of the deep,
A sound mysteriously multiplied
As of a cataract from the mountain’s side,
Or roar of winds upon a wooded steep.
So comes to us at times, from the unknown
And inaccessible solitudes of being,
The rushing of the sea-tides of the soul;
And inspirations, that we deem our own,
Are some divine foreshadowing and foreseeing
Of things beyond our reason or control.
O Som do Mar
(Karl Gussow: pintor
alemão)
O Som do Mar
O mar despertou à
meia noite de seu sono,
E nas cercanias de distantes
praias pedregosas e amplas
Escutei a primeira
onda da maré crescente
Estugar adiante com
ininterrupta varredura.
Uma voz desde o
silêncio do abismo,
Um som
misteriosamente multiplicado
A partir de uma
catarata de um lado da montanha,
Ou rugido de ventos
por sobre uma arborizada escarpa.
Assim vem a nós, às
vezes, do desconhecido
E de solidões
inacessíveis do ser,
O murmúrio das marés
do mar da alma;
E inspirações, que
consideramos como nossas próprias,
São alguns presságios
divinos e vaticínios
De coisas para além
de nossa razão ou controle.
Referência:
LONGFELLOW, Henry Wadsworth. The sound of the sea. In: SPECTRE, Peter H.
(Ed.). A mariner’s miscellany:
things forgotten, recalled; things known, illuminated. Dobbs Ferry, NY:
Sheridan House Inc., 2005. p. 49.
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