O jornalista e poeta espanhol nos propõe uma outra poética, desvestida
de qualquer retórica ensimesmada, definida e valorada previamente. Uma poética
que se assemelhe às contas que costumamos fazer nas margens de papéis já
usados.
Nada de verborragia, também, pois qualquer palavra adicional pode ser
condenada por excesso, ainda que, como afirma Marcos, qualquer palavra nos sirva
ao intento de produzir o pretendido efeito poético.
J.A.R. – H.C.
Javier Rodríguez Marcos
(n. 1970)
Otra Poética
Evitar
desde ahora una
palabra:
yo. Mirar sin ideas.
Evitar
las imágenes, algunas
imágenes,
las que sean
poéticas.
Escribir
como el que hiciera
cuentas
en los márgenes del
papel usado.
Evitar
hacerse sangre en la
planta del pie
con los trozos de las
palabras rotas
al caminar descalzos.
Evitar
las poéticas y los
infinitivos
y las palabras
grandes,
porque cualquiera
sirve.
Evitar,
evitarse.
Porque cada palabra
corre el riesgo de
ser
la palabra de más.
De: “Frágil”
Caminhada pelo Jardim
(Gustave Caillebotte:
pintor francês)
Outra Poética
Evitar
desde já uma palavra:
eu. Olhar sem ideias.
Evitar
as imagens, algumas
imagens,
as que sejam
poéticas.
Escrever
como quem houvesse
feito contas
nas margens do papel
usado.
Evitar
que se faça sangue na
planta do pé
com os fragmentos das
palavras estilhaçadas
ao caminhar
descalços.
Evitar
as poéticas, os
infinitivos
e as palavras
extensas,
porque qualquer uma
serve.
Evitar,
Evitar-se.
Porque cada palavra
corre o risco de ser
a palavra em excesso.
Referência:
MARCOS, Javier Rodríguez. Otra poética.
In: GALLEGO, Antonio (Org.). Javier
Rodríguez Marcos. Madrid, ES: Fundación Juan March, 2009. p. 74. (Cuadernos
“Poética y Poesia”)
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