Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Javier Rodríguez Marcos - Outra Poética

O jornalista e poeta espanhol nos propõe uma outra poética, desvestida de qualquer retórica ensimesmada, definida e valorada previamente. Uma poética que se assemelhe às contas que costumamos fazer nas margens de papéis já usados.

Nada de verborragia, também, pois qualquer palavra adicional pode ser condenada por excesso, ainda que, como afirma Marcos, qualquer palavra nos sirva ao intento de produzir o pretendido efeito poético.

J.A.R. – H.C.

Javier Rodríguez Marcos
(n. 1970)

Otra Poética

Evitar
desde ahora una palabra:
yo. Mirar sin ideas.

Evitar
las imágenes, algunas imágenes,
las que sean poéticas.

Escribir
como el que hiciera cuentas
en los márgenes del papel usado.

Evitar
hacerse sangre en la planta del pie
con los trozos de las palabras rotas
al caminar descalzos.

Evitar
las poéticas y los infinitivos
y las palabras grandes,
porque cualquiera sirve.

Evitar,
evitarse.
Porque cada palabra
corre el riesgo de ser
la palabra de más.

De: “Frágil”

Caminhada pelo Jardim
(Gustave Caillebotte: pintor francês)

Outra Poética

Evitar
desde já uma palavra:
eu. Olhar sem ideias.

Evitar
as imagens, algumas imagens,
as que sejam poéticas.

Escrever
como quem houvesse feito contas
nas margens do papel usado.

Evitar
que se faça sangue na planta do pé
com os fragmentos das palavras estilhaçadas
ao caminhar descalços.

Evitar
as poéticas, os infinitivos
e as palavras extensas,
porque qualquer uma serve.

Evitar,
Evitar-se.
Porque cada palavra
corre o risco de ser
a palavra em excesso.

Referência:

MARCOS, Javier Rodríguez. Otra poética. In: GALLEGO, Antonio (Org.). Javier Rodríguez Marcos. Madrid, ES: Fundación Juan March, 2009. p. 74. (Cuadernos “Poética y Poesia”)

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