Não há dúvida de que o argentino Jorge Luis Borges é leitura de
cabeceira de muitos escritore(a)s famoso(a)s, tantas são as homenagens de que é
destinatário pelos inúmeros poemas e contos encontráveis em obras literárias
contemporâneas, em especial as antologias poéticas.
E não fujamos do assunto: a postagem de hoje é, por isso mesmo, mais uma
homenagem ao grande escritor portenho, da lavra da poetisa pernambucana Lenilde
Freitas, a resgatar excerto do famoso poema “El Ápice” (“O Ápice”) como epígrafe ao seu
próprio poema.
J.A.R. – H.C.
Lenilde Freitas
(n. 1939)
A Jorge Luis Borges
Y Ia noche de Dios es infinita
Acorda.
Vem comigo
interromper
o pensamento das
pedras.
A tarde não declina.
O meu descuido, sim,
escureceu o
horizonte.
O que te trago
não cabe no teu
sonho:
uma árvore que
resiste
à ausência das
chuvas;
os picos que apontam
as estrelas;
a lua que guarda em
segredo
a fadiga dos homens.
Acorda.
Nossa única certeza
é o retorno das
noites.
Vem ouvir a música do
vento.
Deus escolheu a dedo
esta canção para nós.
Homenagem a Jorge Luis Borges
(Guillermo Cuenca:
pintor argentino)
Referência:
FREITAS, Lenilde. A Jorge Luis Borges.
In: CONGÍLIO, Mariazinha (Selecção e Coordenação). Antologia de poetas brasileiros. 1. ed. Lisboa, PT: Universitária
Editora, 2000. p. 199.
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