Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Alexandre Marino - A Alma das Coisas

Quanta felicidade nos termos escolhidos por Alexandre Marino – poeta, jornalista e publicitário mineiro que vive em BSB desde 1982 – para resgatar o poder da nomeação das coisas, como se alma elas tivessem. E sopro de existência também, pois como sublinha, objetos são entidades vivas... e morrem.

Ao poeta é dada a capacidade de retirá-los das prateleiras empoeiradas e lhes fornecer ânimo para dar curso até a eternidade: “Palavras abandonam seus corpos em viagens astrais por outros mundos, transmudam-se em silêncio etéreo”.

J.A.R. – H.C.

Alexandre Marino
(n. 1956)

A Alma das Coisas

As coisas têm alma. Seu nome: palavra.
As coisas têm vida, princípio e fim.
Se morre um objeto, seu nome adormece
até que um poeta o invoque numa prece.

Palavras penadas aparecem de repente.
Mudam o sentido das frases, o tom da prosa.
Incorporam coisas, assustam a gente.
Um silêncio manso vira rima perigosa.

Palavras abandonam seus corpos
Em viagens astrais por outros mundos,
transmudam-se em silêncio etéreo.

Poetas têm olhos para o mistério
e ainda que permaneçam mudos
fazem da palavra o seu sortilégio.

Migração da Alma
(Freydoon Rassouli: artista iraniano)

Referência:

MARINO, Alexandre. A alma das coisas. In: CAGIANO, Ronaldo (Org.). Poetas mineiros em Brasília. Introdução de Affonso Romano de Sant’Anna. Brasília, DF: Varanda, 2002. p. 27.

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