Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Wallace Stevens - A poesia é uma força destrutiva

Stevens imagina a poesia como um leão, uma “besta violenta”, capaz de matar um homem. Ela teria o poder para contorcer e consumir sentimentos reconfortantes, linguagem amena, fingimentos dissimulados, pensamentos sequiosos.

Destruir talvez seja um verbo contundente demais para os efeitos que uma poesia se habilita a provocar. Contudo, poder-se-ia roubar da Economia o termo “destruição criativa”, popularizado pelo austríaco Joseph Schumpeter, para sublinhar exatamente o potencial de inovação que ela detém, quando os poetas buscam se posicionar na linha de sua vanguarda.

J.A.R. – H.C.

Wallace Stevens
(1879-1955)

Poetry is a destructive force

That’s what misery is,
Nothing to have at heart.
It is to have or nothing.

It is a thing to have,
A lion, an ox in his breast,
To feel it breathing there.

Corazon, stout dog,
Young ox, bow-legged bear,
He tastes its blood, not spit.

He is like a man
In the body of a violent beast.
Its muscles are his own...

The lion sleeps in the sun.
Its nose is on its paws.
It can kill a man.

Playscape
(Daniel Dove: pintor norte-americano)

A poesia é uma força destrutiva

Tal é o que a miséria é,
Nada ter no coração.
É ter ou nada.

É algo para ter,
Um leão, um boi em seu peito,
Senti-lo respirando ali.

Coração, cão robusto,
Garrote, urso de pernas tortas,
Ele prova o seu sangue, não o cospe.

É como um homem
No corpo de uma besta violenta.
Seus músculos são os dela...

O leão dorme ao sol.
Seu nariz entre as patas.
Pode matar um homem.

Referência:

STEVENS, Wallace. Poetry is a destructive force. In: NOSTRAND, Albert D. Van; WATTS II, Charles H. (Eds.). The conscious voice: an anthology of american poetry from seventeenth century to the present. New York, NY: The Liberal Arts Press, 1959. p. 335.

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