Stevens imagina a poesia como um leão, uma “besta violenta”, capaz de
matar um homem. Ela teria o poder para contorcer e consumir sentimentos
reconfortantes, linguagem amena, fingimentos dissimulados, pensamentos
sequiosos.
Destruir talvez seja um verbo contundente demais para os efeitos que uma
poesia se habilita a provocar. Contudo, poder-se-ia roubar da Economia o termo
“destruição criativa”, popularizado pelo austríaco Joseph Schumpeter, para
sublinhar exatamente o potencial de inovação que ela detém, quando os poetas
buscam se posicionar na linha de sua vanguarda.
J.A.R. – H.C.
Wallace Stevens
(1879-1955)
Poetry is a
destructive force
That’s what misery is,
Nothing to have at heart.
It is to have or nothing.
It is a thing to have,
A lion, an ox in his breast,
To feel it breathing there.
Corazon, stout dog,
Young ox, bow-legged bear,
He tastes its blood, not spit.
He is like a man
In the body of a violent beast.
Its muscles are his own...
The lion sleeps in the sun.
Its nose is on its paws.
It can kill a man.
Playscape
(Daniel Dove: pintor
norte-americano)
A poesia é uma força destrutiva
Tal é o que a miséria
é,
Nada ter no coração.
É ter ou nada.
É algo para ter,
Um leão, um boi em
seu peito,
Senti-lo respirando
ali.
Coração, cão robusto,
Garrote, urso de
pernas tortas,
Ele prova o seu
sangue, não o cospe.
É como um homem
No corpo de uma besta
violenta.
Seus músculos são os
dela...
O leão dorme ao sol.
Seu nariz entre as
patas.
Pode matar um homem.
Referência:
STEVENS, Wallace. Poetry is a destructive force. In: NOSTRAND, Albert D.
Van; WATTS II, Charles H. (Eds.). The
conscious voice: an anthology of american poetry from seventeenth century
to the present. New York, NY: The Liberal Arts Press, 1959. p. 335.
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