Bem perto de parodiar o estado de insânia do “cavaleiro da triste figura”
– que, seja como for, é o que arrebata o leitor de Cervantes e provê o tom
poético da figura de Quixote –, Vicente Cano, conterrâneo de Saavedra, muito
também espera das ilusões, força capaz de municiar-lhe com radiantes primaveras.
Segundo Cano, é o brilho da poesia que lhe dá forças para seguir
pensando, escrevendo, amando e, por extensão, vivendo. Sem ela, como ser capaz
de superar as tristes mordidas e os estados de desânimo?
J.A.R. – H.C.
Vicente Cano
Caricatura
(1927-1994)
Poética
¿Qué sería de mí si no
tuviera
un verso que soñar
cada mañana?
Un hombre es un
fracaso si no gana
con soles de ilusión
su primavera.
¿Qué sería de mi si no
venciera
tanto mordisco triste
y de desgana
abriendo cada día mi
ventana
al viento de la sed
más verdadera?
Si (*), la sed
extendida... y la memoria...
y el corazón... en lo
que voy buscando
y en todo lo que
pienso y lo que escribo
como puntal de mi pequeña
historia,
para hacernos saber
que sigo amando
y convencerme de que
sigo vivo.
O Sonho da Rainha Catarina
(Henry Fuseli: pintor
suíço)
Poética
Que seria de mim se
não tivesse
um verso para sonhar
a cada manhã?
Um homem é um
fracasso se não ganha
com sóis de ilusão a
sua primavera.
Que seria de mim se
não vencesse
tanta mordida triste
e de desânimo
abrindo a cada dia a
minha janela
ao vento da sede mais
verdadeira?
Se, a sede
estendida... e a memória...
e o coração... no que
vou buscando
e em tudo que penso e
o que escrevo
como apoio de minha
pequena história
para fazer-nos saber
que sigo amando
e convencer-me de que
sigo vivo.
Nota:
(*). Apesar de na obra de referência constar a conjunção “Si” (Se), fica-se com a impressão, pela leitura do poema, que a palavra mais apropriada ao contexto e à pontuação formulada seria “Sí” (Sim). Nada obstante, mantivemos nossa tradução em concordância com o texto apresentado na mencionada antologia.
Referência:
(*). Apesar de na obra de referência constar a conjunção “Si” (Se), fica-se com a impressão, pela leitura do poema, que a palavra mais apropriada ao contexto e à pontuação formulada seria “Sí” (Sim). Nada obstante, mantivemos nossa tradução em concordância com o texto apresentado na mencionada antologia.
Referência:
CANO, Vicente. Poética. In: KASTEN, Alfonso Larrahona (Org.). Poetas hispanoamericanos para el tercer milenio. México, A.C.:
Ediciones Del Frente de Afirmación Hispanista; Valparaíso, CH: Correo de la
Poesia; 1993. p. 34.
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