Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Billy Collins - Budapeste

Este poema retrata o poeta em plena crise de criação. Ou não: trata-se apenas de um momento que pode ser caracterizado como uma pausa providencial para amainar as ideias, fazê-las pulular em sua mente, de tal forma que, no momento seguinte, ele seja capaz de redigir “mais algumas linhas zelosas”.

Entrementes, ele espia pela janela de seus aposentos e fantasia que a paisagem que está à sua frente é nada menos que a de algum logradouro da bela capital da Hungria – Budapeste –, às margens do Danúbio. Logo deduzimos que a imaginação do poeta não anda nada mal! (rs).

J.A.R. – H.C.

Billy Collins
(n. 1941)

Budapest
My pen moves along the page
like the snout of a strange animal
shaped like a human arm
and dressed in the sleeve of a loose green sweater.

I watch it sniffing the paper ceaselessly,
intent as any forager who has nothing
on its mind but the grubs and insects
that will allow it to live another day.

It wants only to be here tomorrow,
dressed perhaps in the sleeve of a plaid shirt,
nose pressed against the page,
writing a few more dutiful lines

while I gaze out the window and imagine Budapest
or some other city where I have never been.

Budapeste - Ponte Pênsil
(Lorand Sipos: pintor húngaro)

Budapeste

Minha caneta se move pela página
como o focinho de um estranho animal
em forma de braço humano,
vestido na manga de um amplo suéter verde.

Eu o observo farejando o papel sem cessar,
atento como um forrageador qualquer que nada tem
em mente senão larvas e insetos
que lhe permitam viver mais um dia.

Quer apenas estar aqui amanhã,
vestido, talvez, na manga de uma camisa xadrez,
nariz enfiado na página,
escrevendo mais algumas linhas zelosas

enquanto olho pela janela e imagino
Budapeste ou qualquer outra cidade onde nunca estive.

Referência:

COLLINS, Billy. Budapest / Budapeste. In: O’SHEA, José Roberto (Org.). Antologia de poesia norte-americana contemporânea. Tradução de Maria Lúcia Milléo Martins. Florianópolis, SC: Ed. da UFSC, 1997. Em inglês: p. 30; em português: p. 31.

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