Com o sugestivo nome de “Sephirot”, as emanações que compõem a estrutura
da Kabbala, o poema de hoje retrata a busca do paraíso representado por uma
perdida esfera, pela via da ascensão, sephira a sephira, das zonas ínferas até
as primícias do Éden.
E sua autora, a linguista, tradutora e poetisa gaúcha Leonor
Scliar-Cabral, sabe muito bem sobre o que discorre, afinal é bastante ligada à
tradição cultural judaica, de suas origens.
J.A.R. – H.C.
Leonor Scliar-Cabral
(n. 1929)
Sephirot
Numa esfera perdida
um paraíso
está à minha espera
não sei quando
e eu vou galgando em
círculos os ramos
secos de pomos.
Os meus cabelos
brancos se emaranham,
disfarce dos espinhos
ressequidos,
onde eu busquei
romãs, maçãs e figos
do paraíso.
Perdida estou,
jamais, porém meu sonho
e a rasgada pele em
gretas geme
as derradeiras gotas
que alimentam
o que está morto.
As Sephirot da Kabbala
Referência:
CABRAL, Leonor Scliar. Sephirot. In: GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia brasileira / Antología
de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela, Galiza,
U.E.: Laiovento, 2001. p. 112.
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