Eis aqui o discurso amoroso da “Pátria Amada”, em primeira pessoa, a convocar
à volta os filhos que partiram para terras distantes: uma preleção que vai além
de simples convocatória, já que comporta vaticínios que se pretendem com
poderes para vergar a vontade dos infensos à ideia de regresso.
Mas para os que aceitam a volta sem reservas, o chão natal lhes promete
encher o coração de conhecimento e os olhos com lágrimas, que se bem compreendemos
o sentido do poema, seriam de gratidão.
J.A.R. – H.C.
Rudyard Kipling
(1865-1936)
The Recall
I am the land of their fathers,
In me the virtue stays.
I will bring back my children,
After certain days.
Under their feet in the grasses
My clinging magic runs.
They shall return as strangers.
They shall remain as sons.
Over their heads in the branches
Of their new-bought, ancient trees,
I weave an incantation
And draw them to my knees.
Scent of smoke in the evening,
Smell of rain in the night –
The hours, the days and the seasons,
Order their souls aright,
Till I make plain the meaning
Of all my thousand years –
Till I fill their hearts with knowledge,
While I fill their eyes with tears.
In: “Actions and Reactions”
O Som da Pátria
(Albert Anker:
artista suíço)
A Chamada
Eu sou a terra de
seus pais,
Em mim a virtude
habita.
Trarei os meus filhos
de volta,
Passados alguns dias.
Sob os seus pés na grama
Opera o meu apego
mágico.
Eles regressarão como
estrangeiros.
E continuarão sendo
meus filhos.
Sobre suas cabeças,
nos ramos
De suas antigas e recém-compradas
árvores,
Eu teço um sortilégio
E os atraio até meus
joelhos.
Cheiro de fumaça ao
fim da tarde,
Olor de chuva durante
a noite –
As horas, os dias e
as estações
Põem suas almas em
ordem.
Até que eu deixe
claro o sentido
De todos os meus mil
anos –
Até que de saberes os
corações eu sacie,
Enquanto lhes ponho
lágrimas nos olhos.
Referência:
KIPLING, Rudyard. The recall. In: David Arscott (Sel.). A Sussex Kipling: an anthology of poetry and
prose. Sussex, UK: Pomegranate Press, 2007.p. 141.
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