Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Celina de Sampedro - Sou Monólogo

Neste belo exemplar da poesia contemporânea espanhola, de autoria da poetisa Celina de Sampedro, retrata-se um monólogo de uma futura mãe com a criança por vir, ainda em sua bolsa amniótica, uma criança que a supor pelo gênero empregado pela autora, será do sexo feminino.

O poema torna explícito o desejo da mulher em ter a criança em seus braços, embora faltem alguns dias ou meses até o seu nascimento. Supõe-na com os olhos cor de anil e cabelos iguais aos seus. E projeta, ainda que mentalmente, os seus braços no interior do berço temporário, feito de uma terra cujo nome é o líquido que a envolve, sob a forma de raízes que ali se infiltram mais e mais.

J.A.R. – H.C.

Celina de Sampedro
(n. 1926)

Soy Monólogo

Toda yo soy monólogo,
toda estallido mágico
al querer yo pensarte, adivinarte,
anticiparme al tiempo de tu tiempo.

Te rimo en ese campo que ante mí se distiende,
contemplas la mimosa de perfume amarillo
que el árbol dona al aire
                     hasta ahora inodoro.
Mi monólogo crece, crece mi fantasia,
creces tú protegida por tu colchón amniótico.

Ojos de cuarzo añil...
EI pelo de tu madre: seda tejida a fuego.
El perro que olfatea un prodígio inmediato.
La luz que hace que el valle cante sus propios verdes.

Alargo mis raíces en la tierra del agua
para crecer mis brazos, tan exangües,
brazos que fueron cuna de tu cuna.

Mulher Grávida
(Helene Knoop: pintora norueguesa)

Sou Monólogo

Sou toda monólogo,
toda estrépito mágico
ao querer pensar-te, adivinhar-te
antecipar-me ao tempo de teu tempo.

Rimo-te nesse campo que ante mim se distende,
contemplas a mimosa de perfume amarelo
que a árvore doa ao ar
                   até há pouco inodoro.
Meu monólogo cresce, cresce minha fantasia,
cresces tu protegida por tua bolsa amniótica.

Olhos de quartzo índigo...
O cabelo de tua mãe: seda tecida a fogo.
O cão que fareja um prodígio imediato.
A luz que faz o vale cantar seus próprios verdes.

Prolongo minhas raízes na terra d’água
para crescer meus braços, tão exangues,
braços que foram berço de teu berço.

Referência:

DE SAMPEDRO, Celina. Soy monólogo. In: ZELADA, Leo (Compilador). Poesía española contemporánea: poéticas desde la postmodernidad. Lima (PE): Lord Byron Ediciones, 2005. p. 64. Disponível neste endereço. Acesso em: 18 ago. 2015.

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