Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Cassiano Nunes - Noturno nº 1

Um poema pode ser simples, despojado até, mas renitente ao espírito, a depender do grau de sua inspiração. Tal é o exemplo que trazemos neste momento para ilustrar o que apresentamos como tese.

Trata-se do poema “Noturno nº 1”, de autoria do poeta paulista Cassiano Nunes, professor de literatura na UnB, mesma universidade onde, no recinto de sua biblioteca, tivemos com ele contato pela primeira vez, grafado que está numa de suas paredes internas.

O título do poema, indiscutivelmente, faz lembrar as muitas composições para piano que o compositor polaco Chopin nomeou como “noturnos”. Belos, quase sempre tendo o piano como único recurso musical, a sua melodia plangente perdura nos ouvidos e no coração da audiência. Assim o poema, haja vista que tanto quanto a música, a literatura também tem o seu poder de encantar.

J.A.R. – H.C.

Cassiano Nunes
(1921-2007)

Noturno nº 1

Nunca me sinto pobre,
ao contemplar as estrelas.

Qualquer doido
(eu)
possui
o latifúndio do céu.

Aguardente negra e gratuita
a noite me embriaga.

Sonho melhor
acordado.

Noite Suave
(Victor Tsyganov: artista ucraniano)
Computação Gráfica

Referência:

NUNES, Cassiano. Noturno nº 1. In: GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 66.

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