Um poema pode ser simples, despojado até, mas renitente ao espírito, a depender
do grau de sua inspiração. Tal é o exemplo que trazemos neste momento para
ilustrar o que apresentamos como tese.
Trata-se do poema “Noturno nº 1”, de autoria do poeta paulista Cassiano
Nunes, professor de literatura na UnB, mesma universidade onde, no recinto de
sua biblioteca, tivemos com ele contato pela primeira vez, grafado que está numa
de suas paredes internas.
O título do poema, indiscutivelmente, faz lembrar as muitas composições
para piano que o compositor polaco Chopin nomeou como “noturnos”. Belos, quase
sempre tendo o piano como único recurso musical, a sua melodia plangente perdura nos
ouvidos e no coração da audiência. Assim o poema, haja vista que tanto quanto a
música, a literatura também tem o seu poder de encantar.
J.A.R. – H.C.
Cassiano Nunes
(1921-2007)
Noturno nº 1
Nunca me sinto pobre,
ao contemplar as
estrelas.
Qualquer doido
(eu)
possui
o latifúndio do céu.
Aguardente negra e
gratuita
a noite me embriaga.
Sonho melhor
acordado.
Noite Suave
(Victor Tsyganov:
artista ucraniano)
Computação Gráfica
Referência:
NUNES, Cassiano. Noturno nº 1. In:
GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia
brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago
de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 66.
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