Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Thomas Hardy – O Lembrete

Em pleno Natal, o poeta foi levado à realidade de um mundo de sofrimento, pela simples visão de um tordo – gênero de ave a que pertencem, por exemplo, o melro, o sabiá e o rouxinol –, debatendo-se, lá fora, em meio ao rigor invernal, para alcançar um fruto já apodrecido.

Esta é uma lembrança aos melhor aquinhoados, de que ainda há muitos pares sob o peso de carências básicas, como alimentos, abrigo e roupas: não como o de Scrooge, o velho turrão do famoso conto de Dickens, o coração humano há de abrigar espírito fraterno e solidário com os menos favorecidos. Tal é a ética da comunhão!

J.A.R. – H.C.

Thomas Hardy
(1840-1928)

The Reminder

While I watch the Christmas blaze
Paint the room with ruddy rays,
Something makes my vision glide
To the frosty scene outside.

There, to reach a rotting berry,
Toils a thrush − constrained to very
Dregs of food by sharp distress,
Taking such with thankfulness.

Why, O starving bird, when I
Our day's joy would justify,
And put misery out of view,
Do you make me notice you? 


O Lembrete

Enquanto contemplo a chama do Natal
Colorir a sala com rubros raios,
Algo desvia a minha visão
Para a gélida cena lá fora.

Ali, buscando alcançar um fruto passado,
Fatiga-se um tordo – por demais coagido
Às sobras de alimento pelo agudo flagelo –,
Para o recolher com gratidão.

Por que, ó faminto pássaro, quando eu
Somente queria justificar um alegre dia,
E pôr a miséria bem ao largo de meus olhos,
Obrigas-me a te dirigir a atenção?

Referência:

HARDY, Thomas. The reminder. MacMATH, Terence Handley (Int. & Arr.). The secret Christmas. London (EN): Darton, Longman & Todd Ltd. p. 19.

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