Em pleno Natal, o poeta foi levado à realidade de um mundo de sofrimento,
pela simples visão de um tordo – gênero de ave a que pertencem, por exemplo, o
melro, o sabiá e o rouxinol –, debatendo-se, lá fora, em meio ao rigor invernal,
para alcançar um fruto já apodrecido.
Esta é uma lembrança aos melhor aquinhoados, de que ainda há muitos pares sob o peso de carências básicas, como alimentos, abrigo e roupas: não como o de Scrooge, o velho turrão do famoso conto de Dickens, o coração humano há de
abrigar espírito fraterno e solidário com os menos favorecidos. Tal é a ética
da comunhão!
J.A.R. – H.C.
Thomas Hardy
(1840-1928)
The Reminder
While I watch the Christmas blaze
Paint the room with ruddy rays,
Something makes my vision glide
To the frosty scene outside.
There, to reach a rotting berry,
Toils a thrush − constrained to very
Dregs of food by sharp distress,
Taking such with thankfulness.
Why, O starving bird, when I
Our day's joy would justify,
And put misery out of view,
Do you make me notice you?
O Lembrete
Enquanto contemplo a
chama do Natal
Colorir a sala com
rubros raios,
Algo desvia a minha
visão
Para a gélida cena lá
fora.
Ali, buscando alcançar um
fruto passado,
Fatiga-se um tordo –
por demais coagido
Às sobras de alimento
pelo agudo flagelo –,
Para o recolher com
gratidão.
Por que, ó faminto
pássaro, quando eu
Somente queria
justificar um alegre dia,
E pôr a miséria bem
ao largo de meus olhos,
Obrigas-me a te
dirigir a atenção?
Referência:
HARDY, Thomas. The reminder. MacMATH, Terence Handley (Int. & Arr.).
The secret Christmas. London (EN): Darton,
Longman & Todd Ltd. p. 19.
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