Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Gabriela Mistral - Jesus

A poetisa chilena Lucila M. P. S. Godoy Alcayaga, mais conhecida pelo pseudônimo Gabriela Mistral, muito se expôs aos influxos religiosos, especialmente cristãos, e mais extensivamente à teosofia, como forma de açambarcar a experiência humana, quer pelo prisma da unidade entre todas as criaturas, com o intuito de expressar o Eterno Universal, quer pelo enfoque das reconhecidas virtudes teologais – a fé, a esperança e o amor.

Tal perspectiva se reflete em muitos de seus poemas, como “Jesus”, objeto desta postagem. Neles também se percebe o carinho especial pelas crianças. A coletividade de espíritos a configurar uma unidade divina que prescinde de palavras, já que irmanada pelo coração, da qual um divino infante permite-se participar, para brincar de ciranda com outras “crianças”, neste caso, de fato ou de direito.

J.A.R. – H.C. 
Gabriela Mistral
(1889-1957)

Chilena, é geralmente considerada a maior poetisa de língua espanhola. Prêmio Nobel em 1945. Define-a Pierre Darmangeat que a traduziu para o francês: “De modo algum atormentada pela sensualidade, sua lira harmoniosa – onde vibra também uma corda de inquietude e de amargura muito pessoais – encontra, num sentimento maternal alargado em direção da contemplação cósmica, o cumprimento da finalidade do amor” (HADDAD, 1960, p. 281).

Jesus

Haciendo la ronda
se nos fue la tarde.
El sol ha caído:
la montaña no arde.

Pero la ronda seguirá,
aunque en el cielo el sol no está.

Danzando, danzando,
la viviente fronda
no lo oyó venir
y entrar en la ronda.

Ha abierto el corro, sin rumor,
y al centro está hecho resplandor.

Callando va el canto,
callando de asombro.
Se oprimen las manos,
se oprimen temblando.

Y giramos a Su redor,
y sin romper el resplandor…

Ya es silencio el coro,
ya ninguno canta:
se oye el corazón
en vez de garganta.

¡Y mirando Su rostro arder,
nos va a hallar el amanecer!

Ronda Infantil
(Cândido Portinari: 1932)

Jesus

E fazendo a ronda
se nos foi a tarde.
O sol já morreu;
a montanha não arde.

Porém a ronda continuará.
Que importa se no céu o sol não está?

Dançando, dançando,
ninguém viu o segredo
de Jesus que chegava
para entrar no brinquedo.

Entrou na roda, sem rumor
E o centro está feito resplendor.

O canto calou-se,
calou-se de assombro.
Oprimem-se, as mãos,
Oprimem-se, tremendo.

E giramos em seu redor,
E sem romper o resplendor.

Já se calou o coro,
Agora ninguém canta.
Ouve-se o coração
em vez da garganta.

E vendo o seu rosto arder
nos vai encontrar o amanhecer.

Referências:

MISTRAL, Gabriela. Jesus. In: HADDAD, Jamil Almansur (seleção, tradução e notas). Noite santa: antologia de poemas de Natal. São Paulo: Autores Reunidos, 1960. p. 283.

MISTRAL, Gabriela. Jesus. In: __________. Gabriela Mistral para niños. Edición de Aurora Díaz Plaja. Ilustraciones de Arantxa Martínez. 1. ed. Madrid (ES): Ediciones de La Torre, 1994. p. 46-47. (Colección Alba y Mayo. Serie Poesía; n. 35)

Nenhum comentário:

Postar um comentário