O poema em epígrafe trata mesmo de um Natal à moda antiga, com um leitão
assado inteiro, sobre a mesa da ceia, cuja primazia de fatiá-lo aos familiares
era atribuída, geralmente, ao patriarca (ou à matriarca).
Só que os tempos mudaram e, hoje, não há mais um leitãozinho à pururuca
sobre a mesa, mas os disseminados perus de Natal.
Tal cena aparece belamente exposta, por exemplo, no filme “The Dead” (“Os Mortos”), de 1987, cujo
roteiro o seu afamado diretor, John Houston, adaptou-o do não menos conhecido e
homônimo conto, pertencente à obra “Dublinenses”, do irlandês James Joyce.
J.A.R. – H.C.
(1882-1957)
Natal Antigo
Da vasta mesa
patriarcal, em torno,
A família reúne-se.
Fumega
O rotundo leitão
assado ao forno,
Entre vinhos
velhíssimos da adega.
Loiras batatas
traçam-lhe o contorno,
Finas rodelas de
limão carrega;
E, assim, com todo o
culinário adorno,
Aguarda, inerte, a
sorte iníqua e cega.
É noite de Natal!
Festa! Alegria!
Em cada boca há um
riso iluminado
Pelo amor que das
almas irradia.
Mas ninguém nota o
riso resignado
De amarga,
pungentíssima ironia,
Dos meigos olhos do
leitão assado…
(Thomas G. Webster: 1862)
Nenhum comentário:
Postar um comentário