Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Théophile Gautier – Natal

Temos nesta postagem um soneto de Théophile Gautier sobre a cena bíblica do nascimento de Jesus, cuja tradução extraímos da seleta de poemas natalinos elaborada por Jamil Haddad, o consagrado tradutor ao português de “As Flores do Mal”, de Baudelaire – neste blog inúmeras vezes mencionado.

 

J.A.R. – H.C.

 

Théophile Gautier

(1811-1872)

 

“Partindo do Romantismo acaba arribando a “Émaux et Camées”, um dos livros-base do parnasianismo. Considerava-se romântico, mas o seu cuidadoso apuro da forma coloca-o melhor dentro da tendência parnasiana, onde a história literária acabou por situá-lo definitivamente. Orgulhava-se de se haver feito o seu livro principal durante as perturbações da Comuna, o que é evidência por outro lado de um dos traços que também ficou marcando o parnasianismo: a arte pela arte, a afrontosa indiferença pelo mundo e seus possíveis conflitos. Também foi crítico de arte e de teatro. Outros livros seus: Poèmes antiquasPoèmes et PoésiesPoésies barbaresPoèmes tragiques.” (HADDAD, 1960, p. 153)

 

Noël

 

Le ciel est noir, la terre est blanche.   

Cloches, carillonnez gaîment!   

Jésus est né; la Vierge penche   

Sur lui son visage charmant.

 

Pas de courtines festonnées

Pour préserver l’enfant du froid;        

Rien que les toiles d’araignées  

Qui Pendent des poutres du toit.       

 

Il tremble sur la paille fraîche,  

Ce cher petit enfant Jésus,

Et pour l’échauffer dans sa crèche      

L’âne et le bœuf soufflent dessus.       

 

La neige au chaume pend ses franges,

Mais sur le toit s’ouvre le Ciel,  

Et, tout en blanc, le chœur des anges

Chante aux bergers: “Noël! Noël!”

 

Adoração dos Pastores

(Bartolomé Esteban Murillo: 1650-1655)

 

Natal

 

O céu é negro, é branca a terra;

Carrilhonai, ó voz do sino!

Jesus nasceu e já descera

Nossa Senhora o olhar divino.

 

Não há cortina de Bretanha

Para no frio dar socorro,

Não há mais que teias de aranha

Pendentes das pranchas do forro.

 

E treme na palha que doura,

O Deus de olhos angelicais,

E dão calor à manjedoura

O hálito a arder dos animais.

 

Sobre a cabana brilha a neve

Em cima há um céu onde há um coral

De anjos que canta a canção leve

Para os pastores: “É Natal!”

                                                     

Referências:

 

GAUTIER, Théophile. Noël. In: __________. Selected lyrics. Translated into English by Norman R. Shapiro. New Haven (CT): Yale University Press, 2011. p. 194. (The Margellos World Republic of Letters)

 

HADDAD, Jamil Almansur (seleção, tradução e notas). Noite santa: antologia de poemas de Natal. São Paulo: Autores Reunidos, 1960. p. 155.

 

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