Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Alexandr Pushkin – Natal com os Parentes

Publicado no original em russo neste endereço, “Eugênio Oneguin” é a obra máxima de Alexandr Pushkin. De sua versão ao português, mencionada na referência mais ao sul, extraímos um dos seus inúmeros sonetos, todos eles a compor um longo romance que, como sabemos, é padrão literário mais comum sob o formato de prosa.

Sobre os parentes é que trata o poema, e do hábito que temos de apenas os visitar no Natal – para depois deles esquecermos pelo restante do ano! Pelo menos é assim que o autor russo descreve o que entende pelo vocábulo “parente”.

Há outros, como o diretor de cinema italiano Mario Monicelli, que vai mais longe no destrato aos parentes: em 1992, levou ele aos espectadores da grande tela a espirituosa comédia “Parente é serpente”. E coincidência das coincidências, a história se passa à época do Natal, quando todos vão cear na casa da matriarca. O resto, caso haja interesse, poderá o leitor presenciar no vídeo também aqui postado.

J.A.R. – H.C.
Alexandr Pushkin
(Desenho de David Levine: 1965)

ГЛАВА ЧЕТВЕРТАЯ

(XX)

Гм! гм! Читатель благородный,
Здорова ль ваша вся родня?
Позвольте: может быть, угодно
Теперь узнать вам от меня,

Что значит именно родные.
Родные люди вот какие:
Мы их обязаны ласкать,
Любить, душевно уважать

И, по обычаю народа,
О рождестве их навещать
Или по почте поздравлять,

Чтоб остальное время года
Не думали о нас они...
Итак, дай бог им долги дни!

Jantar de Natal
(Pavel Sizov: pintor russo)
  
Capítulo Quatro

(XX)

Hum! Hum! Distinto leitor meu,
Vossos parentes, como estão?
Peço um favor: quereis que eu
Vos dê a minha explicação

Sobre o que entendo por “parente”?
Pois eu explico claramente:
De nós se pede acarinhá-los,
Querer-lhes bem e respeitá-los,

E, segundo uso costumeiro,
Ir visitá-los no Natal,
Ou os saudar por via postal,

De forma que, pelo ano inteiro,
Certo, de nós vão esquecer.
Que Deus lhes dê longo viver!

Parente é Serpente
(Mário Monicelli: 1992)

Referência:

PUSHKIN, Alexandr Sergeevich. Eugênio Oneguin. Tradução de Dário Moreira de Castro Alves. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 110. (Série ‘Grandes Traduções’)

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