Publicado no original em russo neste endereço,
“Eugênio Oneguin” é a obra máxima de Alexandr Pushkin. De sua versão ao português, mencionada na referência mais ao sul, extraímos um dos seus inúmeros
sonetos, todos eles a compor um longo romance que, como sabemos, é padrão
literário mais comum sob o formato de prosa.
Sobre os parentes é que trata o poema, e do hábito que temos de apenas
os visitar no Natal – para depois deles esquecermos pelo restante do ano! Pelo
menos é assim que o autor russo descreve o que entende pelo vocábulo
“parente”.
Há outros, como o diretor de cinema italiano Mario Monicelli, que vai
mais longe no destrato aos parentes: em 1992, levou ele aos espectadores da
grande tela a espirituosa comédia “Parente é serpente”. E coincidência das
coincidências, a história se passa à época do Natal, quando todos vão cear na
casa da matriarca. O resto, caso haja interesse, poderá o leitor presenciar no
vídeo também aqui postado.
J.A.R. – H.C.
Alexandr Pushkin
(Desenho de David
Levine: 1965)
ГЛАВА ЧЕТВЕРТАЯ
(XX)
Гм! гм! Читатель благородный,
Здорова ль ваша вся родня?
Позвольте: может быть, угодно
Теперь узнать вам от меня,
Что значит именно родные.
Родные люди вот какие:
Мы их обязаны ласкать,
Любить, душевно уважать
И, по обычаю народа,
О рождестве их навещать
Или по почте поздравлять,
Чтоб остальное время года
Не думали о нас они...
Итак, дай бог им долги дни!
Jantar de Natal
(Pavel Sizov: pintor
russo)
Capítulo Quatro
(XX)
Hum! Hum! Distinto
leitor meu,
Vossos parentes, como
estão?
Peço um favor:
quereis que eu
Vos dê a minha
explicação
Sobre o que entendo
por “parente”?
Pois eu explico
claramente:
De nós se pede
acarinhá-los,
Querer-lhes bem e
respeitá-los,
E, segundo uso
costumeiro,
Ir visitá-los no
Natal,
Ou os saudar por via
postal,
De forma que, pelo
ano inteiro,
Certo, de nós vão
esquecer.
Que Deus lhes dê
longo viver!
Parente é Serpente
(Mário Monicelli: 1992)
Referência:
PUSHKIN, Alexandr Sergeevich. Eugênio
Oneguin. Tradução de Dário Moreira de Castro Alves. Rio de Janeiro: Record,
2010. p. 110. (Série ‘Grandes Traduções’)
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