Tal como no caso do português Almeida Garrett, o poeta italiano Eugenio
Montale teve uma experiência de Natal passado em Londres, capital da
Inglaterra, que, ao final, resultou na escrita do poema a seguir.
Há muito de intimidade desnudada nas descrições de Montale, de certa
musa que, com seus cabelos cacheados, surge em frente ao espelho, num cenário
quase de “natureza-morta”, a retratar ou bem escolhas suas, ou bem o que restou
dos estilhaços dos dias e das lembranças.
J.A.R. – H.C.
Eugenio Montale
(1896-1981)
Di un natale metropolitano
Londra
Un vischio, fin dall’infanzia
sospeso grappolo
di fede e di pruina
suI tuo Iavandino
e sullo specchio
ovale ch’ora adombrano
i tuoi ricci bergère
fra santini e ritratti
di ragazzi infilati
un po’ alIa svelta
nella cornice, una
caraffa vuota,
bicchierini di cenere
e di bucce,
Ie Iuci di Mayfair,
poi a un crocicchio
Ie anime, Ie
bottiglie che non seppero aprirsi,
non più guerra né
pace, il tardo frullo
di un piccione incapace
di seguirti
sui gradini automatici
che ti slittano in giù...
Big Ben no Inverno
(John Haskins: pintor inglês)
Um Natal Metropolitano
Londres
Um visco, desde a
infância pendurado buquê
de fidelidade e de
pruína sobre o teu lavabo
e sobre o espelho
oval agora sombreado
por teus cachos bergère
entre santinhos e retratos
de meninos enfileirados
apressadamente
na moldura, uma jarra
vazia,
cálices de cinzas e
de cascas,
as luzes de Mayfair, logo
após um cruzamento
as almas, as garrafas
que não conseguiram abrir,
não mais guerra nem
paz, o lento bater de asas
de uma pomba incapaz
de seguir-te
sobre a escada automática que te desloca para baixo...
Referência:
MONTALE, Eugenio. Di un natale
metropolitano. (La bufera e altro / parte IV, ‘flashes’ e dediche). In:
__________. Collected Poems: 1920-1954.
Bilingual edition: italian x english. Translated and Annotated by Jonathan
Galassi. New York (NY): Farrar, Straus and Giroux, 1998. p. 328.
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