Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 6 de dezembro de 2014

Manuel Bandeira - Versos de Natal

Um poema pungente! Um poeta com saúde frágil, quase sempre enfermiço, mas que apesar disso viveu bastante – 82 anos –, o suficiente para externar um segredo, que não exatamente aqueles refletidos pelas meras imagens que emanam de um espelho: ali onde está um homem avançado em idade, que se mostra pesaroso, se mágico fosse o mesmo espelho, teria capacidade de ver além, um menino que continua a esperar pelas dádivas que a vida ainda for pródiga em lhe conceder!

J.A.R. – H.C. 
Caricatura de Manuel Bandeira
(Autoria Desconhecida)

Versos de Natal

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr seus chinelinhos atrás da porta.

Christmas Morning
(Heidi Malott: 2012)

Referência:

BANDEIRA, Manuel. Versos de Natal. In: __________. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1961. p.  118-119.

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