Um
Satã carente de amor, sitiado em seu mundo de solidão: é assim que a poetisa e
professora Karen Alkalay-Gut, hoje vivendo em Israel, descreve o Demo com quem
teve contato, numa das encruzilhadas da vida!
Coincidência
ou não, o título de seu poema, “Sympathy for the Devil”, é o mesmo da conhecida
letra da banda inglesa “Rolling Stones” (em tempo: Karen também nasceu na
Inglaterra), em que Lúcifer se apresenta à sua pretendente, por meio de um rol
de proezas para as quais teria contribuído, ao longo de toda a história da
humanidade.
J.A.R.
– H.C.
Karen
Alkalay-Gut
(n.
1945)
Sympathy
for the Devil
Even
you, Prince, are sometimes blind,
living
so deep in darkness as you do –
sure
that evil is easy as egotism,
that
some one like me would savor
your
sort of loneliness, relishing
those
seductive days, nights in empty beds.
What
can I say? Yours is such a masculine way –
and
when we met that night at the crossroads
I
walked a piece with you, watching the twisting
of
your walking stick, wishing I could soothe
all
the writhings in your world. I thought
to
cradle you, like an agonized disciple,
in my
bountiful lap – didn’t even hear
all
the offers you made of wisdom
in
exchange for my soul.
Even
when you flashed the contract,
secure
in my signature, I wasn’t paying
attention,
bedeviled by that pain
in
your eyes, that need for something good –
dare
I call it – love?
O Demônio
como um Alfaiate
(Jerome
Witkin: 1978-1979)
Simpatia
pelo Demônio
Inclusive
tu, Príncipe, por vezes ficas cego,
vivendo
tão profundamente na escuridão –
convencido
de que a maldade é fácil como o egoísmo,
e que
alguém como eu apreciaria
teu
tipo de exílio, a saborear
aqueles
dias sedutores, noites em leitos vazios.
O que
posso dizer? Teus modos são tão masculinos...
e
quando nos encontramos naquela noite, na encruzilhada,
caminhei
um pouco contigo, observando a torção
de
teu cajado, desejosa de poder aplacar
todos
os pesares do teu mundo. Pensei
em te
ninar, como um agônico discípulo,
no
meu colo generoso – nem sequer escutei
todas
as tuas ofertas de sabedoria
em
troca de minha alma.
Mesmo
quando brandiste o contrato,
seguro
de minha assinatura, não estava prestando
atenção,
importunada pela dor
em
teus olhos, carente de algo bom,
poderia
chamá-lo de – amor?
Referência:
ALKALAY-GUT,
Karen. Sympathy for the devil. In: Le poetesse di Kolibris – 2008-2013. Ferrara
(IT): Kolibris Edizioni, 2013. p. 176. (Collana Chiara nº 25). Disponível neste endereço. Acesso em: 14 nov 2014.
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