Não há como deixar de sentir o “clima” natalino que, já há algumas
semanas, tomou conta dos ‘shoppings centers’ e salas comerciais de Brasília. Mas
não só de comércio vive o Natal, senão – e sobretudo – de toda a poesia que
aflora da mente dos poetas e poetisas, em todo o mundo!
E para tecer encômios para a quadra que tanto amamos – e tal como o
fizemos ao final de 2013 –, postaremos, em sequência que esperamos diária, vários poemas e odes,
inéditos nestas paragens. E começamos com um “Poema de Natal” redigido pelo
poeta carioca Paulo Henriques Britto.
Coincidentemente ou não, seu poema enfatiza, por meio de uma analogia cristalina, a relação Criador x Criatura, que estaria presente tanto na relação
Deus x Jesus, enquanto correlato de Pai x Filho, quanto no duo Poeta x Poema: o
poema como criança anunciada que vem ao mundo para preencher as nossas
carências.
J.A.R. – H.C.
Reason for the Season
Philip Straub
Poema de Natal
Eis o prazer supremo,
que não cansa
jamais: idolatrar o
que criamos
à nossa vera imagem e
semelhança.
Nada mais digno do
mais puro amor
que essa
anunciadíssima criança,
em berço ou pálio ou
página ou o que for,
desde que seja nossa,
e na medida
exata do desejo, nem
maior
nem mais funda que a
precisa ferida
que para preencher
foi ela concebida.
Paulo Henriques Britto
(n. 1951)
Referência:
BRITTO, Paulo Henriques. Poema de
Natal. In: __________. Tarde. São
Paulo. Companhia das Letras, 2007. p. 28.
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