Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Carl Sandburg - Eu Sou o Povo, a Plebe

Uma poesia que é um compromisso com a força política de um povo: Carl Sandburg, poeta norte-americano de origem sueca, emprega o recurso à identificação para homenagear os homens e mulheres comuns, que, em última instância, são os que constroem tudo quanto existe no mundo.

Percebe-se no poema, mesmo que tal não haja sido a intenção do poeta, um vocativo à arregimentação da classe trabalhadora, assim como o chamamento de Marx em seu “Manifesto do Partido Comunista”: tudo muda quanto o povo se torna consciente da sua real força!

J.A.R. – H.C. 
Carl Sandburg
(1878-1967)

I am the People, the Mob

I am the people − the mob − the crowd − the mass.
Do you know that all the great work of the world is done through me?
I am the workingman, the inventor, the maker of the world’s food and clothes.
I am the audience that witnesses history. The Napoleons come from me and the Lincolns. They die. And then I send forth more Napoleons and Lincolns.
I am the seed ground. I am a prairie that will stand for much plowing. Terrible storms pass over me. I forget. The best of me is sucked out and wasted. I forget. Everything but Death comes to me and makes me work and give up what I have. And I forget.
Sometimes I growl, shake myself and spatter a few red drops for history to remember. Then − I forget.
When I, the People, learn to remember; when I, the People, use the lessons of yesterday and no longer forget who robbed me last year, who played me for a fool − then there will be no speaker in all the world say the name: “The People”, with any fleck of a sneer in his voice or any far-off smile of derision.
The mob − the crowd − the mass − will arrive then.

A Liberdade Guiando o Povo
(Eugène Delacroix)

Eu Sou o Povo, a Plebe

Eu sou o povo – a plebe – a multidão – a massa.
Sabeis que todas as grandes obras do mundo são feitas por mim?
Sou o operário, o inventor, o produtor de alimentos e roupas do mundo.
Eu sou o público que testemunha a história. Os Napoleões e  os Lincolns têm saído de mim. Eles morrem. E então eu mando buscar mais Napoleões e Lincolns.
Eu sou a semente da terra. Sou uma pradaria que há de suportar muito arado. Terríveis tempestades passam sobre mim. Eu esqueço. O melhor de mim é sugado e desperdiçado. Eu esqueço. Tudo menos a Morte vem até mim, faz-me trabalhar e renuncia ao que tenho. E eu esqueço.
Às vezes eu resmungo, agito-me e respingo algumas gotas vermelhas para a história lembrar. Então – eu esqueço.
Quando eu, o Povo, aprender a lembrar; quando eu, o Povo, usar as lições de ontem e não me esquecer de quem me roubou no ano passado, quem me tomou por um idiota – então não haverá nenhum orador em todo o mundo que pronuncie o nome: “O Povo”, com algum indício de desdém em sua voz ou um sorriso de escárnio.
A plebe – a multidão – a massa – chegará então.

Referência:

SANDBURG, Carl. I am the people, the mob. In: __________. Poems. Classic Poetry Series. Publisher: PoemHunter.com. The World’s Poetry Archive, 2012. Disponível neste endereço. Acesso em: 5 nov 2014. p. 103.

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