Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Alexander S. Pushkin - O Poeta

O grande poeta russo Alexander Pushkin, que no universo das letras pode ser considerado um clássico do Parnaso, vem abrilhantar este sítio, com uma poesia cujo tema é exatamente as experiências por ele vivenciadas.

Lembremo-nos: Pushkin é também o autor de “Eugene Onegin”, um romance sob a forma de poema, cuja tradução ao inglês tanta cizânia gerou entre Nabokov – o escritor de “Lolita” – e o crítico norte-americano Edmund Wilson – o ensaísta do primoroso “Rumo à Estação Finlândia”.

Enquanto selecionamos uma série de poemas para, nos próximos dias, lustrar a presente quadra natalina – alguns dos quais da lavra do próprio Pushkin, vale dizer, enquanto sonetos extraídos à sua precitada obra-prima –, contentemo-nos, por ora, com esta prova de seu trânsito franco junto às musas (rs)!

J.A.R. – H.C.

Alexander S. Pushkin
(1799-1837)
(Retrato por Vasili A. Tropinin)


Пока не требует поэта
К священной жертве Аполлон,
В заботах суетного света
Он малодушно погружен;
Молчит его святая лира;
Душа вкушает хладный сон,
И меж детей ничтожных мира,
Быть может, всех ничтожней он.

Но лишь божественный глагол
До слуха чуткого коснется,
Душа поэта встрепенется,
Как пробудившийся орел.
Тоскует он в забавах мира,
Людской чуждается молвы,
К ногам народного кумира
Не клонит гордой головы;
Бежит он, дикий и суровый,
И звуков и смятенья полн,
На берега пустынных волн,
В широкошумные дубровы...

A Inspiração do Poeta
(Nicolas Poussin: 1629-1630)

The Poet

Until he hears Apollo’s call
To make a hallowed sacrifice,
A Poet lives in feeble thrall
To people’s empty vanities;
And silent is his sacred lyre,
His soul partakes of chilly sleep,
And of the world’s unworthy sons
He is, perhaps, the very least.

But once Divinity’s command
Approaches his exquisite ear,
The poet’s soul awakens, poised,
Just like an eagle stirred from sleep.
All worldly pleasures leave him cold,
From common talk he stays aloof,
And will not lower his proud head
Before the nation’s sacred cow.
Untamed and brooding, he takes flight,
Seething with sound and agitation,
To reach a sea-swept, desert shore,
A woodland wide and murmuring...

Apolo e Urânia
(Charles Meynier: 1789-1800)

O Poeta

Até que o poeta não seja compelido
Por Apolo a oferecer o sacrifício sagrado,
Nos assuntos deste mundo inane
Estará ele covardemente submerso;
Sua etérea lira mantém-se em silêncio;
Num sono invernal sua alma repousa,
E entre os filhos indignos deste mundo,
Talvez ele seja o mais desvalido.

Porém uma vez que o verbo divino
alcance a sua audição delicada,
a alma do poeta se anima prontamente,
assim como a águia que se vê desperta.
Por prazeres mundanos ele não suspira,
Das conversas fúteis mantém distância,
Aos pés de ídolos vulgares
Não inclinará a sua altiva cabeça;
Ele dispara, selvagem e implacável,
Pleno de som e agitação,
Até as praias de litorais desertos,
Até amplos e ruidosos bosques...

Referência:

PUSHKIN, Alexander Sergeyevich. The poet. In: __________. Poems. Classic Poetry Series. Publisher: PoemHunter.com. The World's Poetry Archive, 2012. Disponível neste endereço. Acesso em: 12 nov 2014. p. 76.
÷ø

Nenhum comentário:

Postar um comentário