Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Felicidade em Suspenso

“Atento ao dia final, homem nenhum afirme: eu sou feliz!, até transpor – sem  nunca ter sofrido – o umbral da morte” (v. 1528-1530)
(SÓFOCLES, 2001, p. 111)

Dream Caused by the Flight of a Bee
around a Pomegranate a Second Before Awakening
(Salvador Dalí: 1944)

Vigília nos Umbrais

Passaram-me em sonhos
legiões de pares
que já transpuseram
os umbrais da morte,
e algo em mim vagou pela dúvida
de saber
quem estaria hábil
a ratificar o estado de felicidade
de alguém.

Mas se a máxima de Sófocles
é para os vivos,
tal como um corpo que expira,
a devanear em sonhos,
estarei eu aquém ou além do umbral?

E se liberto desse estado,
desperto, diligente,
haverá mistério que explique
por que somente pelos fatos
transcorridos,
e quando em bons termos,
se poderá apreciar
o estado de felicidade –
e nesse caso,
apenas daqueles que estão
em vias de incursionar
pela memória dos tempos?

Fado ou arbítrio?

J.A.R. – H.C.

Referência:

SÓFOCLES. Édipo Rei de Sófocles. Tradução de Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva/Fapesp, 2001.

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