“Atento ao dia final,
homem nenhum afirme: eu sou feliz!, até transpor – sem nunca ter sofrido – o umbral da morte” (v.
1528-1530)
(SÓFOCLES, 2001, p. 111)
Dream Caused by the Flight of a Bee
around a Pomegranate a Second Before Awakening
(Salvador Dalí: 1944)
Vigília nos Umbrais
Passaram-me em sonhos
legiões de pares
que já transpuseram
os umbrais da morte,
e algo em mim vagou
pela dúvida
de saber
quem estaria hábil
a ratificar o estado
de felicidade
de alguém.
Mas se a máxima de
Sófocles
é para os vivos,
tal como um corpo que
expira,
a devanear em sonhos,
estarei eu aquém ou
além do umbral?
E se liberto desse
estado,
desperto, diligente,
haverá mistério que
explique
por que somente pelos fatos
transcorridos,
e quando em bons
termos,
se poderá apreciar
o estado de
felicidade –
e nesse caso,
apenas daqueles que
estão
em vias de
incursionar
pela memória dos
tempos?
Fado ou arbítrio?
Fado ou arbítrio?
J.A.R. – H.C.
Referência:
SÓFOCLES. Édipo Rei de Sófocles.
Tradução de Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva/Fapesp, 2001.
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