Extraído do longo poema “Épitaphe
d’un Chat” (“Epitáfio de um Gato”), constante do livro “Divers Jeux
Rustiques” (“Diversos Jogos Rústicos”), o excerto abaixo, de autoria do francês
Joacquim Du Bellay – aqui já apresentado em outro ‘post’ felino –, retrata a
natureza insigne e pacata de seu bichano, Belaud, incapaz de ações mais
predadoras que o “simples” abate de algumas aves que lhe importunavam a
paciência...
J.A.R. – H.C.
Jeux
Mon Dieu! Quel
passe-temps c’était
Quand ce Belaud
virevoltait
Folâtre autour d’une pelote!
Quel plaisir, quand sa tête sotte
Suivant sa queue en mille tours
D’un rouet imitait le cours!
Ou quand assis sur le
derrière
Il s’en faisait une jar’tière,
Et montrant l’estomac velu,
De panne blanche crêpelu,
Semblait tant sa trogne était bonne
Quelque docteur de la
Sorbonne!
Belaud n’était point mal plaisant,
Belaud n’était point malfaisant
Et ne fit onc plus grand dommage
Que de manger un
vieux fromage,
Une linotte, et un pinson,
Qui le fâchaient de
leur chanson.
Jogos
Meu Deus! Que
distração ocorria
Quando Belaud dava
cabriolas
Festivas em torno de
uma bola!
Quanto prazer, quando
sua zonza cabeça
Rastreava a cauda em
mil voltas,
A imitar o curso de
uma carretilha!
Ou quando, acomodado
sobre as ancas,
Convertia-se numa
jarreteira,
E mostrando a barriga
aveludada,
De branco e anelado
pelo,
Parecia, pela sua boa
aparência,
Algum doutor da
Sorbonne!
Belaud não chegava a
ser desagradável,
Não atingia o ponto
da maldade,
E em razão disso nunca provocou maior perda
Do que comer um
envelhecido queijo,
Um pintarroxo e um
pardal,
Que lhe importunavam
com seu trinado.
Referência:
Du Bellay, Joachim. Jeux. In: NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus,
2013. p. 12.
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