Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Sara Teasdale - Um Gaio Azul Invernal

A vida sempre tem os seus momentos mágicos, de pequenos êxtases, revelações, epifanias, com potencial para alterar a nossa percepção do mundo, ao surpreender-nos numa vasta combinação de manifestações de beleza e de gáudio, transcendendo quaisquer palavras que empreguemos na tentativa de descrevê-las a contento.

 

A voz lírica sugere que sempre há algo mais por descobrir e desfrutar – e tem lá as suas razões! –, e nos fornece o exemplo de um gaio azul que divisa num ácer, gozando de sua plena liberdade e exuberante comprazimento, mesmo sob a austeridade e os rigores do inverno, transformando-lhe o dia numa experiência cheia de calor emocional, idílica e sublime.

 

J.A.R. – H.C.

 

Sara Teasdale

(1884-1933)


A Winter Bluejay

 

Crisply the bright snow whispered,

Crunching beneath our feet;

Behind us as we walked along the parkway,

Our shadows danced,

Fantastic shapes in vivid blue.

Across the lake the skaters

Flew to and fro,

With sharp turns weaving

A frail invisible net.

In ecstasy the earth

Drank the silver sunlight;

In ecstasy the skaters

Drank the wine of speed;

In ecstasy we laughed

Drinking the wine of love.

Had not the music of our joy

Sounded its highest note?

But no,

For suddenly, with lifted eyes you said,

“Oh look!”

There, on the black bough of a snow flecked maple,

Fearless and gay as our love,

A bluejay cocked his crest!

Oh who can tell the range of joy

Or set the bounds of beauty?

 

In: “Rivers to the Sea” (1915)

 

Gaio-real

(Scott Zoellick: artista norte-americano)

 

Um Gaio Azul Invernal

 

Com nitidez a neve brilhante sussurrava,

Estalando sob nossos pés;

Atrás de nós, enquanto caminhávamos pela alameda,

Nossas sombras dançavam,

Formas fantásticas em um vívido azul.

Do outro lado do lago, os patinadores

Resvalavam de um lado a outro,

Com giros bruscos tecendo

Uma rede frágil e invisível.

Em êxtase, a terra

Sorvia a luz prateada do sol;

Em êxtase, os patinadores

Sorviam o vinho da velocidade;

Em êxtase, risonhos

Sorvíamos o vinho do amor.

Não terá a música da nossa alegria

Soado a sua nota mais alta?

Mas não,

Porque de repente, com o olhar voltado para o alto, disseste:

“Oh, observa!”

Ali, no ramo negro de um ácer salpicado de neve,

Destemido e alegre como o nosso amor,

Um gaio azul levantou a sua crista!

Oh, quem poderá definir o alcance da alegria

Ou estabelecer os limites da beleza?

 

Em: “Rios ao Mar” (1915)

 

Referência:

 

TEASDALE, Sara. A winter bluejay. In: __________. The collected poems of Sara Teasdale. Cutchogue, NY: Buccaneer Books, 1996. p. 50.

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