Eis um poema que é
tanto uma bela evocação da magia do Natal, quanto também um chamado à compaixão
e à solidariedade em favor dos açoitados pelos infortúnios da solidão e da
pobreza: para além dos regalos e das celebrações que são levados a efeito no
aconchego dos lares, há o desamparo daqueles expostos à exclusão social, à vulnerabilidade
extrema, sem um lar para chamar de seu, e a quem somente resta a esperança de
dias melhores, fomentada por uma estrela que em tudo evoca o áster-guia dos
magos no relato bíblico.
Com efeito, sendo o
Natal uma festividade que se direciona, de modo muito especial, a fazer a
alegria das crianças, nada mais contrastante, ou até mesmo cruel, do que deixar
muitas delas à margem, sem quaisquer atenuantes capazes de servir como luz e
sonho de uma fé intrépida na bem-aventurança do futuro.
J.A.R. – H.C.
Romeu Jobim
(1927-2015)
O Menino e a Estrela
Porque é Natal,
quanta festa e
alegria,
nos corações,
nos lares,
no mundo!
Mas um menino,
mais parece um bichinho,
sujinho, sozinho,
está dormindo,
num canto da calçada.
Eis que um raio
de estrela se alonga
e incide no rosto
do menino que, em seu
sono,
sorri.
Sonha que outro
menino,
como ele,
desceu pela estrela
e os dois brincam,
de roda.
Brasília - DF, 12/1999.
Em: “Cantos do
Caminho”
Criança dormindo na
rua
(Autoria
desconhecida)
Referência:
JOBIM, Romeu. O
menino e a estrela. Em: __________. Cantos do caminho: poesia. Brasília, DF: Edições Trianas, 2003. p. 128.



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