O poeta polonês
sintetiza na metáfora de uma abelha desajeitada, tentando alcançar o centro de
uma flor, os desafios inerentes ao trabalho árduo do tradutor de poesia: por
mais que tente, sempre haverá nuances, “aromas e sabores” perdidos na tradução,
elementos consolidados nas raízes linguísticas e culturais do idioma em que
originalmente escrito o poema, dificilmente transladáveis a um outro vernáculo.
Não importa o quanto
o tradutor tente alcançar o pistilo amarelo da flor, para chegar ao almejado
néctar, sempre haverá um limite para a profundidade que ele pode atingir.
Aqueles que são céticos sobre o resultado da tradução, só precisam notar os vestígios
do “pólen em seu nariz”, para deduzir que, de fato, o tradutor não chegou a
captar toda a essência de que integrada a flor do poema.
J.A.R. – H.C.
Zbigniew Herbert
(1924-1998)
O tłumaczeniu wierszy
Jak trzmiel
niezgrabny
siadł na kwiecie
aż zgięła się łodyga wiotka
przeciska się przez rzędy płatków
podobnych słownikowym
kartkom
do środka dąży
gdzie aromat i
słodycz jest
i choć ma katar
i brak mu smaku
jednak dąży
aż bije głową
w żółty słupek
i tu już koniec
trudno wniknąć
przez kielich kwiatów
do korzeni
więc trzmiel wychodzi
bardzo dumny
i głośno brzęczy:
byłem w środku
tym zaś
co mu nie całkiem
wierzą
nos pokazuje
z żółtym pyłem
Abelha numa flor
(Anna Brigitta Kovacs: artista húngara)
Sobre a tradução de
poemas
Como uma desairosa
abelha,
pousa numa flor
fazendo dobrar a
flexível haste.
Esgueira-se por entre
fileiras de pétalas,
como as páginas de um
dicionário.
Empenha-se em atingir
o centro,
onde estão o aroma e
a doçura.
Embora esteja com
rinite
e tenha perdido o
paladar,
ainda assim esforça-se
bastante,
até tocar com a
cabeça
num pistilo amarelo.
E aqui finda a ação.
Difícil é penetrar
pelo cálice das
flores
em direção às raízes.
Então a abelha
retira-se
muito orgulhosa,
zumbindo
ruidosamente:
eu era quem estava lá
dentro.
E, àqueles
que nela não acreditam,
mostra o nariz
amarelado pelo pólen.
Referência:
HERBERT, Zbigniew. O
tłumaczeniu wierszy. In: __________. Wiersze zebrane. Opracowanie
edytorskie Ryszard Krynicki. Warszawa, PL: Czytelnik, 1982. s. 80.
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