Combinando elementos filosóficos
e existenciais com um olhar vanguardista sobre a contemporânea realidade
virtual e tecnológica, o poeta mexicano lança luzes sobre a noção de identidade
num mundo em que, cada vez mais, o lado físico, no qual expressamos os nossos arquétipos
de corporalidade, vem cedendo espaço aos ambientes digitais.
Nesse interregno, sucede
uma pugna obstinada contra as forças narcotizantes da modernidade, presididas
por ferramentas e algoritmos que modelam nossas percepções acerca da realidade
e de nós mesmos, criando imagens e reflexos carentes de grandezas simbólicas e
de sentidos, como aquelas tradicionalmente associadas à noção do que nos torna
mais humanos.
À margem deste
comento, à guisa de uma digressão correlata, assomou-me ao tino o uso indiscriminado
de tecnologias digitais voltadas à manipulação das vontades do grande público
aos escusos interesses de quem as formulam, a exemplo das empregadas para
estimular o consumo compulsivo de bens e produtos disponibilizados pelo
mercado, bem assim as que se prestam a manobras e manipulações políticas.
J.A.R. – H.C.
Horacio Lozano
Warpola
(n. 1982)
Rutas energéticas
Mi reflejo es una
filosofía de la fe
Condición vinculada a
la existencia física
Muere cuando se
desgarra cuando muere el individuo
Eso significa también
que la vida muerta pasa
a ser inaccesible
Pero que quede claro
que yo no estoy pensando ahora
en el tiempo lineal
Sin el que nada se
puede hacer ningún paso se puede dar
A mí me interesa el
plano en donde el hombre se engrandece
Verbalmente
Junto a las
condiciones mecánicas del no-ser
Me interesa la ruta
energética que divide al usuário
de la pantalla
Me interesa la
semilla del algoritmo y la semilla del reflejo
Una imagen libre de
simbolismo
Parece que lo más
difícil es elaborar una propia idea
de nosotros mismos
O cualquier imitación
autoimpuesta
Por muy despiadada
que sea
Outono: caminho
através dos bosques
(Camille Pissarro:
pintor francês)
Rotas energéticas
Meu reflexo é uma
filosofia da fé
Condição vinculada à
existência física
Morre quanto se
desfaz quando morre o indivíduo
Isso significa também
que a vida morte passa
a ser inacessível
Mas que fique claro
que não estou a pensar agora
no tempo linear
Sem o que nada se
pode fazer nenhum passo se pode dar
A mim me interessa o
plano onde o homem se expande
Verbalmente
A par das condições
mecânicas do não-ser
Interessa-me a rota
energética que separa o usuário do ecrã
Interessa-me a
semente do algoritmo e a semente do reflexo
Uma imagem isenta de
simbolismo
Parece que o mais
difícil é desenvolver uma ideia própria
de nós mesmos
Ou qualquer imitação
autoimposta
Por mais impiedosa
que seja
Referência:
WARPOLA, Horacio
Lozano. Rutas energéticas. In: GONZÁLEZ, Iván Méndez (Selección y notas). Todo
pende de una transparencia: muestra de poesía mexicana reciente. 1. ed. [Lima,
PE]: Vallejo & Co., jun. 2016. p. 49. Disponível neste endereço. Acesso em: 21 ago.
2025.
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