Bridges, fundindo as comuns
celebrações, havidas ao longo desta quadra, com uma experiência interior a
transcender o tempo e os fragores do mundo, incute-nos uma reverente mensagem de
paz e de esperança, ao tempo que corrobora o amplo legado histórico da tradição
natalina em solo inglês, tudo para reforçar o papel perdurável da fé cristã na
cultura de seu povo.
Como o leitor pode
perceber, a forma como elaborada a sequência dos versos redunda indiferente em
relação ao marco temporal em que se dão as conjunturas mencionadas no discurso,
isto é, se se trata do momento presente ou se do tempo de então: é bem possível
que o poeta tenha recorrido a tal efeito para ratificar a ideia de que a
mensagem de Cristo está para além dos limites convencionais do tempo, sendo uma
seta que se projeta até a eternidade.
J.A.R. – H.C.
(1844-1930)
Pax hominibus bonae voluntatis
A frosty Christmas Eve
when the stars were shining
Fared I forth alone
where westward falls the hill,
And from many a village
in the water’d valley
Distant music reach’d me
peals of bells aringing:
The constellated sounds
ran sprinkling on earth’s floor
As the dark vault above
with stars was spangled o’er.
Then sped my thoughts to keep
that first Christmas of all
When the shepherds watching
by their folds ere the dawn
Heard music in the fields
and marveling could not tell
Whether it were angels
or the bright stars singing.
Now blessed be the tow’rs
that crown England so fair
That stand up strong in prayer
unto God for our souls
Blessed be their founders
(said I) an’ our country folk
Who are ringing for Christ
in the belfries to-night
With arms lifted to clutch
the rattling ropes that race
Into the dark above
and the mad romping din.
But to me heard afar
it was starry music
Angels’ song, comforting
as the comfort of Christ
When he spake tenderly
to his sorrowful flock:
The old words came to me
by the riches of time
Mellow’d and transfigured
as I stood on the hill
Heark’ning in the aspect
of th’ eternal silence.
Le Coin: Meu Estúdio
Com
Uma Árvore de Natal
(Francis F. M. Cook:
artista inglês)
Noel: Véspera de
Natal, 1913
Pax hominibus bonae
voluntatis
Numa gélida véspera
de Natal,
iluminada por miríades
de estrelas,
Encaminhei-me sozinho
até onde a colina despenha
a oeste,
E das muitas aldeias
de irrigados vales
Chegavam-me músicas distantes,
tangidas por badalos
de sinos:
Os sons constelados
corriam a salpicar a
superfície da terra,
Enquanto a escura
abóbada celeste
mantinha-se coberta
de estrelas.
Enquanto minha mente apressava-se
em reter
aquele primeiro
dentre todos os Natais,
Sem demora, os pastores
que velavam
junto a seus redis antes
da aurora,
Passaram a ouvir
música pelos campos
e, maravilhados, não
sabiam
Se acaso eram anjos
ou as brilhantes
estrelas que cantavam.
Benditas sejam, no
presente, as torres
que coroam a tão bela
Inglaterra,
Que se erguem fortes
em louvor
a Deus por nossas
almas,
Benditos sejam seus
fundadores
(eu o disse) e nossa
gente do campo,
Que esta noite anuncia
o Cristo
nos campanários,
Com os braços levantados
para segurar
as cordas rangentes
que correm
Pela escuridão acima
em meio ao louco e
traquinante bulício.
Mas para mim, que
ouvia a distância,
tinha por estrelada a
música,
Canto de anjos,
reconfortante
como o alento de
Cristo,
Quando em ternas
prédicas
ao seu rebanho aflito:
As velhas palavras
vieram a mim
pelas fortunas do tempo,
Suavizadas e
transfiguradas,
enquanto à escuta
estava,
Frente à colina, sob
a aparência
de um eterno
silêncio.
Referência:
BRIDGES, Robert. Noel:
Christmas Eve, 1913. In: HOLLANDER, John; McCLATCHY, J. D. (Sel. & Ed.). Christmas
poems. New York, NY: Alfred A. Knopf, 1999. p. 31-32. (‘Everyman’s Library:
Pocket Poets’)
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