Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Barbara Howes - Um Curto Caminho pelo Ar

Impregnado por uma sensação de antecipação e de expectativa ante um futuro de eventos impredizíveis, estes versos de Howes estabelecem um contraste entre o presente e o futuro, por efeito de uma viagem a formular inquirições sobre a natureza do tempo, o distanciamento e a conexão humana, tanto física quanto emocional.

 

As imagens empregadas pela poetisa norte-americana evocam tanto as irrefreáveis transições entre os dias e as noites, quanto as transformações pelas quais passamos nessa jornada que é a vida – esse “parque de diversões” com suas múltiplas atrações, seus altos e baixos, seus constantes apelos por experiências tantas vezes frívolas e, por isso mesmo, incapazes de se equiparar àqueles momentos bem mais cálidos, “como quando estamos juntos”.

 

J.A.R. – H.C.

 

Barbara Howes

(1914-1996)

 

A Short Way by Air

 

Between now and the moment when you touch

Down at the end of your trip, so much

Will happen. Before you lies

A legendary fairground, whose size

Measures the days ahead; a carrousel

Swings round and round, its bright mounts fall

And rise as did our breathing – carrying

The scenes and persons of your travelling,

Each for a moment outlined legibly

Against a mulberry sky

That fades to dawn or ripens into night.

 

The light

Brushes tower after tower, or swaying

Into the past a palace topples, as round again

The equestrian hours throng... I look far out

Over what lies before me – a prospect

Of abscence, whose extent I shall

Count over; the everyday is genial

Enough, but there was never such

Warmth, for me, as when we are in touch.

 

Carrossel no Central Park

(Nicolai Cikovsky: pintor russo-americano)

 

Um Curto Caminho pelo Ar

 

Entre o momento presente e aquele em que atingires

O fim de tua viagem, tanta coisa

Ocorrerá. Diante de ti jaz

Uma região encantada, cuja extensão

Tem a medida dos dias a virem; um carrossel

Gira sempre e sempre, e seus cavalinhos brilhantes descem

E sobem como nossa respiração – transportando

As cenas e pessoas de tua viagem,

Cada uma delas legivelmente delineada

Contra um céu de amoreiras

Que definha em madrugada ou amadurece em noite.

 

A luz

Varre torre após torre, ou oscilando

No passado um palácio desmorona-se, quando de novo

As horas equestres acumulam-se... Olho à distância,

Por sobre o que jaz à minha frente – uma perspectiva

De ausência, cuja extensão

Medirei; o dia-a-dia é bastante propício,

Mas nunca houve tanta

Calidez, para mim, como quando estamos juntos.

 

Referência:

 

HOWES, Barbara. A short way by air / Um curto caminho pelo ar. Tradução de Marcos Santarrita, inserta no ensaio “Uma Visão da Poesia”, de Barbara Howes. In: NEMEROV, Howard (Coord.). Poesia como criação. Tradução de Marcos Santarrita. Rio de Janeiro, GB: Edições GRD, 1968. Em inglês: p. 89; em português: p. 94.

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