Trejo, poeta,
dramaturgo e jornalista argentino, colaciona associações e referências
múltiplas a conhecidos eventos e figuras do contexto cultural e político do
século XX – como se sabe, tumultuoso e complexo –, como forma para sugerir que
a experiência humana e a identidade pessoal estão inextricavelmente paragonadas
à História e à civilização em que se vive.
Em meio a um cenário
de ambivalências e contradições, há que se buscar sentidos e propósitos para se
superar a mácula de destruição, violência, tragédia, loucura, alienação e morte,
deixadas pelo homem em suas contingentes e erráticas sendas, sendas por onde,
ademais, se difundem as provas de nossa criatividade e inconformismo frente a conjunturas
estáticas – o poeta, ele próprio, claro está, um partícipe ilustre desse frenético
mundo.
J.A.R. – H.C.
Mario Trejo
(1926-2012)
La lucha personal
Cuando digo Alemania
digo Schumann y
Auschwitz
digo Benn digo Brecht
digo Marx y Gestapo
Cuando digo muerte
locura
digo Auschwitz y
Stalin
digo Dallas en Texas
digo la Bomba
Cuando digo la fe en
el trabajo
el porvenir como una
idea fija
digo Lenin Far West
y a veces digo Stalin
Cuando digo made in
USA
digo Hemingway
Líncoln
digo Jazz y Miles
Davis
KKK y la Bomba
Cuando digo locura
digo Artaud Nerval Hölderlin
cuando digo delirio
digo Rimbaud
cuando digo lucidez
digo Rimbaud
Cuando digo fe en el
trabajo
el porvenir corno una
idea fija
muerte locura lucidez
delirio
digo Van Gogh
Maiacovski Essenine
y Hart Crane y Pavese
y Crevel y
los que hicieron la
Bomba
y no los que la
usaron
los que se
estrellaron contra
el núcleo de un átomo
de porvenir
que la muerte no mata
que el suicidio no
aplaza
Gloria y dolor
habitan estos laberintos subterráneos
Una sola salida arde
a lo lejos
A veces mis ojos se
apagan
y a veces la luz me
traiciona
No es fácil no es
fácil
Pero
Oh heroína semántica
aunque los gatos
ladren
cuando digo todos los
hombres
me estoy nombrando
Año 63 del siglo 20
En: “El uso de la
palabra (1964)
Mãe Hiroshima
(Suzanne Hodes: pintora
norte-americana)
A luta pessoal
Quando digo Alemanha
digo Schumann e
Auschwitz
digo Benn digo Brecht
digo Marx e Gestapo
Quando digo morte e
loucura
digo Auschwitz e
Stalin
digo Dallas no Texas
digo a Bomba
Quando digo a fé no
trabalho
o porvir como uma
ideia fixa
digo Lenin Far West
e às vezes digo
Stalin
Quando digo made in
USA
digo Hemingway
Lincoln
digo Jazz e Miles
Davis
KKK e a Bomba
Quando digo loucura
digo Artaud Nerval
Hölderlin
quando digo delírio
digo Rimbaud
quando digo lucidez
digo Rimbaud
Quando digo fé no
trabalho
o porvir como uma ideia
fixa
morte loucura lucidez
delírio
digo Van Gogh Maiakovski
Iessienin
e Hart Crane e Pavese
e Crevel e
os que fizeram a
Bomba
e não os que a usaram
os que se chocaram
contra
o núcleo de um átomo
do porvir
que a morte não mata
que o suicídio não detém
Glória e dor habitam
estes labirintos subterrâneos
Uma única saída arde ao
longe
Às vezes meus olhos
se apagam
e às vezes a luz me trai
Não é fácil não é
fácil
Mas
Ó heroína semântica
ainda que os gatos
ladrem
quando digo todos os
homens
estou a me nomear
Ano 63 do século 20
Em: “O uso da palavra” (1964)
Referência:
TREJO, Mario. La
lucha personal. In: YURKIÉVICH, Saúl (Compilación y prólogo). Poesía
hispanoamericana 1960-1970: antología a través de un certamen continental.
1. ed. México, D.F.: Siglo Veintiuno Editores, 1972. p. 83-84. (Colección
Mínima; v. 51)
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