Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Mario Trejo - A luta pessoal

Trejo, poeta, dramaturgo e jornalista argentino, colaciona associações e referências múltiplas a conhecidos eventos e figuras do contexto cultural e político do século XX – como se sabe, tumultuoso e complexo –, como forma para sugerir que a experiência humana e a identidade pessoal estão inextricavelmente paragonadas à História e à civilização em que se vive.

 

Em meio a um cenário de ambivalências e contradições, há que se buscar sentidos e propósitos para se superar a mácula de destruição, violência, tragédia, loucura, alienação e morte, deixadas pelo homem em suas contingentes e erráticas sendas, sendas por onde, ademais, se difundem as provas de nossa criatividade e inconformismo frente a conjunturas estáticas – o poeta, ele próprio, claro está, um partícipe ilustre desse frenético mundo.

 

J.A.R. – H.C.

 

Mario Trejo

(1926-2012)

 

La lucha personal

 

Cuando digo Alemania

digo Schumann y Auschwitz

digo Benn digo Brecht

digo Marx y Gestapo

 

Cuando digo muerte locura

digo Auschwitz y Stalin

digo Dallas en Texas

digo la Bomba

 

Cuando digo la fe en el trabajo

el porvenir como una idea fija

digo Lenin Far West

y a veces digo Stalin

 

Cuando digo made in USA

digo Hemingway Líncoln

digo Jazz y Miles Davis

KKK y la Bomba

 

Cuando digo locura

digo Artaud Nerval Hölderlin

cuando digo delirio digo Rimbaud

cuando digo lucidez digo Rimbaud

 

Cuando digo fe en el trabajo

el porvenir corno una idea fija

muerte locura lucidez delirio

digo Van Gogh Maiacovski Essenine

y Hart Crane y Pavese y Crevel y

los que hicieron la Bomba

y no los que la usaron

los que se estrellaron contra

el núcleo de un átomo de porvenir

que la muerte no mata

que el suicidio no aplaza

 

Gloria y dolor habitan estos laberintos subterráneos

Una sola salida arde a lo lejos

A veces mis ojos se apagan

y a veces la luz me traiciona

No es fácil no es fácil

Pero

 

Oh heroína semántica

aunque los gatos ladren

cuando digo todos los hombres

me estoy nombrando

 

Año 63 del siglo 20

En: “El uso de la palabra (1964)

 

Mãe Hiroshima

(Suzanne Hodes: pintora norte-americana)

 

A luta pessoal

 

Quando digo Alemanha

digo Schumann e Auschwitz

digo Benn digo Brecht

digo Marx e Gestapo

 

Quando digo morte e loucura

digo Auschwitz e Stalin

digo Dallas no Texas

digo a Bomba

 

Quando digo a fé no trabalho

o porvir como uma ideia fixa

digo Lenin Far West

e às vezes digo Stalin

 

Quando digo made in USA

digo Hemingway Lincoln

digo Jazz e Miles Davis

KKK e a Bomba

 

Quando digo loucura

digo Artaud Nerval Hölderlin

quando digo delírio digo Rimbaud

quando digo lucidez digo Rimbaud

 

Quando digo fé no trabalho

o porvir como uma ideia fixa

morte loucura lucidez delírio

digo Van Gogh Maiakovski Iessienin

e Hart Crane e Pavese e Crevel e

os que fizeram a Bomba

e não os que a usaram

os que se chocaram contra

o núcleo de um átomo do porvir

que a morte não mata

que o suicídio não detém

 

Glória e dor habitam estes labirintos subterrâneos

Uma única saída arde ao longe

Às vezes meus olhos se apagam

e às vezes a luz me trai

Não é fácil não é fácil

Mas

 

Ó heroína semântica

ainda que os gatos ladrem

quando digo todos os homens

estou a me nomear

 

Ano 63 do século 20

Em: “O uso da palavra (1964)

 

Referência:

 

TREJO, Mario. La lucha personal. In: YURKIÉVICH, Saúl (Compilación y prólogo). Poesía hispanoamericana 1960-1970: antología a través de un certamen continental. 1. ed. México, D.F.: Siglo Veintiuno Editores, 1972. p. 83-84. (Colección Mínima; v. 51)

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