Neste pensamento, Exupéry
insta-nos a considerar que o verdadeiro valor da vida e da morte radica no amor
e no significado que outorgamos à nossas ações e criações: a morte, em última
instância, pode ser vista como uma maneira de unir-nos a algo transcendental e
duradouro, e o sacrifício em nome daquilo que amamos se converte num ato nobre
e de amplos significados.
Com efeito, sugere o
autor francês que aqueles que dedicam suas vidas a criar algo duradouro e
expressivo, como uma obra de arte ou um legado que possam perdurar bem mais
além de sua própria existência, estão dispostos a aceitar a morte quando são
capazes de contemplar a magnificência de tais criações e desejam fundir-se a
elas.
J.A.R. – H.C.
Antoine de
Saint-Exupéry
(1900-1944)
Ninguém morre por
ovelhas, nem por cabras, casas ou montanhas. Pois os objetos subsistem sem que
nada lhes seja sacrificado. No entanto, morre-se para salvar o invisível nó que
os mantém unidos e que os transforma em domínio, em império, em rosto reconhecível
e familiar. Damos nossas vidas por essa unidade, pois a constituímos também ao
morrer. A morte compensa por causa do amor. O homem que lentamente trocou sua
vida pela obra bem-feita, que dura mais que a vida, pelo templo que abre
caminho pelos séculos, também aceita morrer quando seus olhos sabem distinguir
o palácio da diversidade dos materiais, e quando ele é ofuscado por sua
magnificência e deseja fundir-se a ela. Pois é recebido por algo maior que ele
e se entrega a seu amor. (SAINT-EXUPÉRY, 2015, p. 42-43)
Lyon (FR)
Referência:
SAINT-EXUPÉRY,
Antoine de. Cidadela. Tradução e nota de Julia da Rosa Simões.
Apresentação de Sandra Guimarães. São Paulo, SP: Via Leitura, 2015.
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