Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Antoine de Saint-Exupéry - Lyon

Neste pensamento, Exupéry insta-nos a considerar que o verdadeiro valor da vida e da morte radica no amor e no significado que outorgamos à nossas ações e criações: a morte, em última instância, pode ser vista como uma maneira de unir-nos a algo transcendental e duradouro, e o sacrifício em nome daquilo que amamos se converte num ato nobre e de amplos significados.

 

Com efeito, sugere o autor francês que aqueles que dedicam suas vidas a criar algo duradouro e expressivo, como uma obra de arte ou um legado que possam perdurar bem mais além de sua própria existência, estão dispostos a aceitar a morte quando são capazes de contemplar a magnificência de tais criações e desejam fundir-se a elas.

 

J.A.R. – H.C.

 

Antoine de Saint-Exupéry

(1900-1944)

 

Ninguém morre por ovelhas, nem por cabras, casas ou montanhas. Pois os objetos subsistem sem que nada lhes seja sacrificado. No entanto, morre-se para salvar o invisível nó que os mantém unidos e que os transforma em domínio, em império, em rosto reconhecível e familiar. Damos nossas vidas por essa unidade, pois a constituímos também ao morrer. A morte compensa por causa do amor. O homem que lentamente trocou sua vida pela obra bem-feita, que dura mais que a vida, pelo templo que abre caminho pelos séculos, também aceita morrer quando seus olhos sabem distinguir o palácio da diversidade dos materiais, e quando ele é ofuscado por sua magnificência e deseja fundir-se a ela. Pois é recebido por algo maior que ele e se entrega a seu amor. (SAINT-EXUPÉRY, 2015, p. 42-43)

 

Lyon (FR)

 

Referência:

 

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Cidadela. Tradução e nota de Julia da Rosa Simões. Apresentação de Sandra Guimarães. São Paulo, SP: Via Leitura, 2015.

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