Quase sempre providos
de mente criativa, os poetas caminham pelas sendas que lhes parecem plenas
de significados, atribuindo-se a responsabilidade de transmitir aos humanos mortais,
por intermédio de seus versos, os contornos da realidade, quando não dos
sentimentos e pensamentos que se entrecruzam nesta roda da vida, desvelando-lhes
os traços menos imediatamente manifestos, onde se ocultam os mistérios e as
maravilhas do mundo.
Nesta teia de
complexidades – que é este universo em que todos estamos imersos –, transmitem
eles a beleza e a esperança, possibilitando-nos compreender e fornecer
respostas às mudanças ao longo de nossa já longa história, contribuindo para dias
mais pacíficos e de concórdia, sem deixar, é claro, de nos deslumbrar e comover.
J.A.R. – H.C.
Denise Emmer
(n. 1958)
O Inventor de Enigmas
Os poetas carregam
seus sacos de poeira
e sobem e descem
inúteis ladeiras...
levam os poetas como
se levassem filhos
nas suas costas os
mundos pesados de Carlos.
São tão poucos para
tantos mundos que existem
dentro de tantos
sacos imensos e cinzas
são tão raros os
sábios que sonham como pássaros
que restarão países
sobre países empilhados
Os poetas escutam o
ranger dos séculos
que se abrem que se
fecham como portas trágicas
a poesia veste blusas
claras em meninas mortas
ou absolutamente não
surpreenderá as guerras.
Mazin: o poeta
(Marc Chagall: pintor
franco-russo)
Referência:
EMMER, Denise. O
inventor de enigmas. In: __________. O inventor de enigmas. Prefácio de
Ivan Junqueira. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1989. p. 4.
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